sexta-feira, 27 de março de 2009

Um informe bem suspeito

Na última quinta-feira, dia 27, o escândalo envolvendo a empreiteira Camargo Corrêa ganhou as manchetes dos principais jornais do país. Mas curiosamente, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo publicaram um enorme informe em que a empresa se defende das acusações apontadas pela operação Castelo de Areia da PF. Entre elas, doação ilegal para partidos políticos, superfaturamento de obras públicas e envio ilegal de dólares para o exterior.

É evidente o conflito de interesses. Como um jornal pode vender um quarto de sua capa para divulgar a versão de uma empresa investigada? A questão ética, inerente à atividade jornalística, não fica comprometida com esse tipo de informe publicitário? Quando o departamento comercial fala mais alto dentro de um jornal, a credibilidade fica abalada. Um anúncio como este da Camargo Corrêa deve ter sido negociado diretamente com a chefia desses veículos e custado muita grana.

Outro problema é que os informes publicitários costumam se confundir com notícia, principalmente para aqueles leitores mais desatentos. Alguns podem até concluir que a versão da empresa é verdadeira porque saiu na capa de um grande jornal. Por isso, qualquer informação veiculada daqui para frente no Estado e na Folha estará sob suspeição, apesar da suposta neutralidade das redações.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O achatamento da grande imprensa

As mudanças na mídia

Luis Nassif - Blog do Nassif

Um estudo amplo sobre os dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) – que audita a tiragem de jornais e revistas – e do IBOPE – para TV e rádio – comprova que a última década foi de mudanças estruturais. Essas modificações reduziram sensivelmente o papel e a influência da chamada grande mídia – categoria onde entram a Rede Globo, os jornais Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense. E um sensível aumento de competidores, da imprensa do interior e dos jornais populares.

Entre as TVs abertas, a Globo tinha um share de audiência de 50,7% em 2001. Chegou a bater em 56,7% em 2004 – coincidindo com a queda de audiência do SBT. Hoje está em 40,6% – coincidindo com a subida da TV Record – que saiu de 9,2% em 2001 para 16,2%. Nas três últimas semanas, o Jornal Nacional deu 26% de audiência em São Paulo. Seis anos atrás, era de 42%. Nessa época, quando o JN caiu para 35% houve um reboliço na Globo. A ponto de edições do JN terem blocos de 22 minutos com várias matérias de apelo. Aparentemente, perdeu esse pique.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Vale tudo pela audiência?

Recentemente, o Ibope divulgou que a TV Cultura no ano passado custou R$ 2,84 por dia para cada telespectador ao governo paulista. Muitos consideram esse valor muito elevado se for levada em conta a audiência pífia que a emissora alcança.

Mas o foco de uma emissora pública, como a TV Cultura, deve ser o Ibope?

A TV paulista oferece uma programação de caráter educativo e cultural. Atrações sobre música clássica, literatura, filosofia, além da exibição de documentários e filmes fora do circuito comercial. A emissora também dá espaço para a produção regional e universitária. Outro ponto forte são os programas infantis.

No entanto, parece que essa grade não vem atraindo o grande público. Primando pela qualidade, a programação da TV Cultura não tem apelo popular, ficando restrita a alguns poucos telespectadores. A apresentação de uma orquestra sinfônica, por exemplo, acaba agradando um grupo muito restrito.

Segundo informações do site Comunique-se, a audiência da Cultura nunca foi alta. Em 1986, era de 0,7 ficando neste ponto até 1990. Alcançou mais de 2 pontos entre 1995 (2,1) e 1996 (2,3); recuou de 1997 (1,7) a 2003 (1,5). Desde então, mantém-se estável entre 1,4 e 1,5 ponto, em relação à audiência de cada domicílio.

Nesse embate qualidade versus audiência, a TV Cultura corre o risco de se descaracterizar. Uma emissora pública pode e deve oferecer entretenimento aos telespectadores, mas não se igualando às TVs comerciais. A sociedade brasileira não precisa de mais novelas, reality shows e programas de fofoca.

terça-feira, 10 de março de 2009

O MST segundo a imprensa


Observem as manchetes abaixo:

Globo: Justiça bloqueia os bens de grupo que representa MST

Estadão: Sem-terra fazem invasões e depredações em 8 Estados

Brasil de Fato: MST ocupa fazenda de Dantas, já flagrada com escravos

As duas primeiras manchetes se referem a dois jornais da chamada “grande imprensa”, historicamente ligados a grupos conservadores da elite brasileira. Já a terceira chamada é de uma agência de notícias em que figuram alguns nomes da esquerda nacional.

Os movimentos sociais, em particular o MST, são tratados de maneira muito distintas por essas duas vertentes da imprensa brasileira. Uns são acusados de criminalizar as entidades populares, os outros de acobertá-los. O viés ideológico é latente na construção do discurso de ambos. Se para a grande imprensa, “sem-terra matam friamente seguranças”. Para a esquerda, “sem-terra matam jagunços em legítima defesa”.

A reforma agrária precisa de um debate lúcido sem coloração política. O avanço do agronegócio em detrimento do cultivo da lavoura no Brasil é uma situação grave, assim como o acirramento dos ânimos no campo. Outra questão que precisa ser explicada é a suspeita de fraude em relação ao repasse de verbas para entidades ligadas ao MST. Não se pode esquecer também da ação do governo gaúcho contra as escolas que o movimento mantém nos acampamentos.

É inegável que a mídia conservadora quer demonizar os integrantes do MST, dando-lhes a alcunha de arruaceiros e vagabundos. Um exemplo disso são as duas capas da revista Veja exibidas acima que mostram como a imprensa há muito tempo vem construindo um retrato negativo da organização junto à sociedade. Mas, ao contrário do que alguns formadores de opinião esbravejam por aí, o MST não é as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

terça-feira, 3 de março de 2009

Abaixo a "ditabranda"

Movimento dos sem mídia - Pela Justiça e a Paz no Brasil

A Organização Não Governamental Movimento dos Sem Mídia – MSM, entidade de direito privado constituída juridicamente em 13 de outubro de 2007, chamou a si a responsabilidade de exortar a sociedade brasileira a repudiar a perniciosa e ameaçadora revisão histórica perpetrada recentemente por editorial do jornal Folha de São Paulo, texto que relativizou a gravidade de crimes cometidos pelo Estado brasileiro entre os anos de 1964 e 1985, período durante o qual a Nação brasileira sofreu usurpação de um golpe militar ilegal e inconstitucional que, por seu turno, gerou aos brasileiros conseqüências nefandas tais como censura à liberdade de pensamento e de expressão, prisões arbitrárias e crimes de tortura, de estupro e de morte, atos de terror que destruíram as vidas de milhões de brasileiros, muitos dos quais sobreviveram àquele terror e, assim, carregam até hoje seqüelas daquele período de trevas.

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