segunda-feira, 29 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vamos discutir o Plano Nacional de Cultura?

A Secretaria Municipal de Cultura de São Vicente realiza no próximo sábado ( dia 27), o 1º Encontro Vicentino de Cultura. O objetivo do encontro é discutir o Plano Nacional de Cultura recentemente aprovavado no Congresso Nacional. Estarão presentes no encontro: Sergio Maberti: Presidente da Funarte; Maurício Dantas: Secretário Executivo do Ministério da Cultura e Renato Caruso: Secretário de Cultura de São Vicente. 

Segundo Elaine Porta, uma das organizadoras do evento, a discussão vem de encontro às propostas da Secretaria de Cultura de São Vicente cujo objetivo é o de implantar uma nova Política de Cultura para a cidade de São Vicente. "Na verdade estamos desenvolvendo o projeto desde 2009 com vários eventos na períferia da cidade; criação do Fundo Municipal de Cultura; da Lei de Incentivo a Cultura; a realização do 1º Fórum de Cultura, entre outros", explica Elaine.

O encontro será realizado no Centro Cultural da Imagem e do Som, Parque Ipupiara a partir das 14h, e é aberto ao público em geral.
Publicado no site Amigos da Cultura

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A escalada da intolerância


Quem acompanha o noticiário, observa uma escalada da intolerância no país. São agressões físicas contra homossexuais, preconceito contra pobres e incitação à violência contra nordestinos. Tudo isso em poucas semanas. Por uma questão de classe ou hegemônica, muitas pessoas não aceitam o contraditório, aquele que é diferente de sua turma. Essas manifestações contra grupos historicamente discriminados revela uma mente atrasada e rancorosa, que não consegue conviver com a diversidade, seja ela de qualquer natureza.

Um dia depois do segundo turno das eleições, a estudante de Direito Mayara Petruso utilizou o twitter para manifestar todo o seu preconceito contra os nordestinos. Para ela, os moradores da região são os grandes responsáveis pela vitória de Dilma Rousseff (PT). Na rede social, ela disparou "nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado". A OAB-PE acionou à Justiça contra Mayara que pode responder criminalmente por suas manifestações xenofóbicas.

No Rio de Janeiro, um militar admitiu ter atirado contra o estudante Douglas Igor Marques, 19 anos, logo após a Parada Gay, na última segunda. Uma testemunha que depôs sobre a agressão, disse que o agressor falou para o grupo de homossexuais: "Vocês são uns veadinhos. São uma vergonha para a família de vocês.". Ao dizer isso, ele teria atirado contra a barriga do jovem.

Em São Paulo, na semana passada, quatro adolescentes, de classe média alta, agrediram três outros jovens na avenida Paulista. A violência teria sido motivada por homofobia, já que o grupo que sofreu a agressão seria homossexual. A Justiça acabou liberando os bandidos (é esse o termo correto) no domingo sob a alegação que se tratava apenas de uma briga de rua e que os acusados não representariam perigo a nenhuma minoria se fossem soltos.

Já o comentarista da RBS, afiliada da Rede Globo de Santa Catarina, Luis Carlos Prates, destilou toda sua ira contra os pobres ao culpá-los pelo tráfego intenso nas estradas durante o feriado da Proclamação da República. Segundo o jornalista, pessoas de baixa de renda, que nunca leram um livro, estão comprando carros devido ao atual governo que estimula a oferta de crédito para essa camada social. Em nome da tão falada liberdade de imprensa, um profissional de comunicação se acha no direito de utilizar uma concessão pública para difundir ideias preconceituosas. Isso é um absurdo.

Motivadas por diferentes razões, as agressões têm em comum o preconceito. Um preconceito muitas vezes negado pela sociedade brasileira e, particularmente pela mídia. Manifestações contra gays, nordestinos e negros acontecem diariamente no país, algumas resultam em mortes, mas acabam não ganhando notoriedade. A imprensa poderia ao retratar esses casos, promover um amplo debate sobre homofobia, racismo e respeito ao direitos humanos. Essa escalada da intolerância não pode ser banalizada. Quem não sabe conviver com a diferença, não serve para viver em sociedade.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Sociedade ocupa a TV - O caso Direitos de Resposta

Do site Intervozes



Em 2005, uma ação civil pública movida contra a Rede TV! e o programa Tardes Quentes, do apresentador João Kléber, por violações de direitos humanos na mídia obteve um resultado inédito na Justiça brasileira. Durante 30 dias, a emissora foi obrigada a exibir um direito de resposta coletivo dos grupos ofendidos pela programação. Assim nasceu o programa "Direitos de Resposta", produzido por organizações da sociedade civil e que exibiu inúmeras produções independentes em torno da defesa dos direitos humanos.

 O resultado foi considerado uma vitória para aqueles que reivindicam melhorias na programação na TV aberta brasileira e seu aniversário de 5 anos será celebrado no dia 12 de novembro, em São Paulo, com o lançamento do livro A Sociedade Ocupa a TV, produzido pelo Intervozes, que resgata a memória do episódio, e com um debate sobre liberdade de expressão, que contará com a presença do Procurador da República Sergio Suiama, autor da ação contra a Rede TV!.

 De acordo com o procurador, programas como os então apresentados por João Kléber legitimam preconceitos. “A emissora de TV é uma concessão pública e como tal deve obedecer a preceitos estabelecidos pela Constituição Federal”, diz ele. Entre eles, os previstos no artigo 221, que determina que a programação das emissoras deve respeitar os valores éticos e sociais da pessoa humana. “No caso dos homossexuais, principal grupo atingido pelo programa, esse tipo de veiculação reforça uma conduta homofóbica”, completa o procurador.

 Na época, a Justiça Federal concedeu liminar exigindo a suspensão do programa por 60 dias e a exibição de um direito de resposta. A Rede TV! descumpriu a ordem judicial e teve seu sinal cortado por 25 horas. Pressionada principalmente por anunciantes, a emissora aceitou assinar um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público Federal e as organizações da sociedade civil co-autoras da ação. Assim, financiou a produção e exibiu os 30 programas, além de pagar uma multa de R$ 400 mil para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos pelos danos causados à sociedade.

Participaram da ação e da posterior direção do programa Direitos de Resposta as seguintes organizações: Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação; Centro de Direitos Humanos (CDH); Identidade – Grupo de Luta pela Diversidade Sexual; Ação Brotar Pela Cidadania e Diversidade Sexual (ABCDS); Associação da Parada do Orgulho dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo; e Associação de Incentivo à Educação e Saúde de São Paulo (AIESSP).

 Em 2009, na I Conferência Nacional de Comunicação, poder público, empresários e sociedade civil aprovaram a criação de mecanismos para normatização e regulação dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação e sua responsabilização na perspectiva de evitar as práticas discriminatórias e a violação dos direitos humanos na mídia.

Serviço:
Celebração dos 5 anos do caso Direitos de Resposta
Debate e coquetel de lançamento do livro "A Sociedade Ocupa a TV"
Dia 12 de novembro (sexta), das 18h30 às 21h30
Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Avenida Paulista, 37 - São Paulo

sábado, 6 de novembro de 2010

Um retorno nada feliz



Ficar quinze anos sem filmar parece ter feito mal a Arnaldo Jabor. A Suprema Felicidade marca sua reestreia e o que poderia ser uma volta triunfal, se transforma numa história anódina, feita de raros bons momentos. O diretor faz um mergulho nostálgico na cidade do Rio de Janeiro das décadas de 40 e 50, narrando as experiências de Paulo, um garoto em busca dessa tal felicidade.

A trama começa depois do fim da guerra. Paulo é filho de Marco (Dan Stulbach), aviador da FAB, e Sofia (Mariana Lima), uma mulher à frente de seu tempo. O garoto testemunha o fracasso do pai em realizar o sonho de pilotar um jato e a tristeza da mãe pela distância do marido. Tudo isso mexe com Paulo, que encontra refúgio na cumplicidade do avô Noel (Marco Nanini), boêmio e um grande contador de histórias.

Paulo e seu melhor amigo, Cabeção (César Cardadeiro), começam a descobrir o mundo além dos muros da escola e do quintal de casa. O primeiro porre, as noitadas nos cabarés e as frustrações amorosas. São situações intensas, mas que não significam a felicidade que Paulo tanto busca. Ele então conhece Marilyn (Tammy Di Calafiori), uma jovem dançarina, pela qual se apaixona loucamente.

A Suprema Felicidade é um longa repleto de referências, como os musicais de outros épocas. No entanto, a tentativa é constrangedora de tão ruim. A atuação do protagonista também decepciona. Jayme Matarazzo, que vive Paulo com 18 anos, não emplaca, falta carisma e expressão. Os melhores momentos ficam com Marco Nanini que se diverte com os devaneios de seu personagem. Outra atração é João Miguel que encarna o pipoqueiro Bené, um sujeito engraçado que conta suas aventuras com as mulheres.

Se como cronista, Arnaldo Jabor desperta mais ódio do que admiração, como diretor de cinema, ele é muito respeitado. Por exemplo, Eu Sei Que Vou Te Amar é uma obra-prima. Mas em A Suprema Felicidade, o cineasta opta por uma história arrastada que não empolga o público e cheia de anticlímax. De feliz, o filme só tem o saudosismo. Será que Jabor ficou enferrujado depois desse longo jejum? 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Lições de uma eleição


“Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!” Esse comentário foi postado no twitter um dia depois da consagração de Dilma Rousseff (PT) nas urnas. A frase demonstra o radicalismo que dominou as eleições deste ano. A campanha foi marcada por táticas clandestinas que envolveram desde o terrorismo religioso até o preconceito de gênero passando por uma cobertura partidarizada da mídia. A vitória da candidata petista ensina que o povo brasileiro  está cada vez mais pragmático, votando de acordo com sua vontade e não se deixando tutelar pelo posicionamento dos “formadores de opinião”.

Muitos desses eleitores que ficaram indignados com a vitória de Dilma Rousseff atribuíram aos nordestinos o peso decisivo no resultado do segundo turno. No entanto, os votos do Nordeste apenas aumentaram a vantagem que a petista obteve no restante do Brasil. Considerando apenas Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, a ex-ministra somou 1.873.507 votos a mais do que o tucano José Serra. Nessa análise precipitada e inverossímil reside o preconceito arcaico que não admite que o voto do “intelectual” paulista tenha o mesmo valor da bordadeira cearense.

As eleições deste ano conseguiram a façanha de unir conservadores religiosos, jovens despolitizados e a elite separatista. A articulação desses setores e da coordenação do PSDB foi responsável por uma campanha difamatória contra Dilma sem precedentes na história política brasileira. A rede de boatos funcionou em bloco, enviando correntes de e-mails e repercutindo-os nas redes sociais, fora a distribuição de panfletos apócrifos, como os produzidos a mando do bispo de Guarulhos. José Serra (PSDB) se transformou no candidato classista, ou seja, aquele que melhor representava os grupos arrivistas e reacionários.

Dilma teve mais de 55 milhões de votos e entrou para a história como a primeira mulher presidente do Brasil. Mas sua eleição não foi nada fácil, principalmente pelo partidarismo de alguns meios de comunicação. Ainda ano passado, o jornal da Folha de S. Paulo publicou uma ficha falsa do DOPS em que a ex-ministra da Casa Civil era tia como uma terrorista perigosa que planejava seqüestros. O Estado de S.Paulo declarou em editorial que apoiava o candidato tucano. A revista Veja se transformou num braço da campanha de oposição e de forma escancarada requentava denúncias contra Dilma e o PT. No caso da bolinha de papel, o Jornal Nacional dedicou mais de dez minutos para tentar comprovar que Serra foi atingido por uma fita adesiva, com direito até a análise do perito Molina.

O debate sobre questões importantes para o país foi esvaziado, e o eleitor saiu perdendo. As reformas tributária, previdenciária, política e trabalhista passaram longe da pauta dos candidatos que preferiram o denuncismo e a tática do revide. Se Dilma tinha Erenice, a pedra no sapato de Serra era Paulo Preto. Os casos só contribuíram para nivelar os dois presidenciáveis. Os profissionais do marketing novamente tentaram construir o modelo de político padrão: humilde, religioso e de moral ilibada. As marcas pessoais foram diluídas pouco a pouco, prevalecendo ações previamente arquitetadas, como a visita de ambos à Aparecida.

Mas um fato novo que surpreendeu nestas eleições foi a militância virtual. Se no primeiro turno, a onda verde de Marina Silva ganhou corpo, no segundo turno tucanos e petistas travaram um verdadeiro duelo no twitter. A grande disputa era para emplacar uma #tag nos trending topics. Os blogs também mostraram força por desempenharam o papel de contrafala no sentido de apresentar múltiplas vozes sobre os assuntos pautados pela campanha como o aborto e as privatizações. E com a expansão da internet em todo o país, todo mundo se tornou um pouco ativista, seja da lan-house ou do computador pessoal.

O único problema é que certos usuários acreditam que a rede é um espaço sem regras, em que o ódio pode ser disseminado, como a estudante “classista” que postou o comentário preconceituoso contra os nordestinos. A eleitora de Serra deverá responder judicialmente por racismo e incitação pública de prática de crime. Na verdade, democracia não exige unanimidade, mas respeito à maioria, e no caso, a maior parte do povo brasileiro optou por Dilma Rousseff.