Na última quinta-feira, dia 27, o escândalo envolvendo a empreiteira Camargo Corrêa ganhou as manchetes dos principais jornais do país. Mas curiosamente, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo publicaram um enorme informe em que a empresa se defende das acusações apontadas pela operação Castelo de Areia da PF. Entre elas, doação ilegal para partidos políticos, superfaturamento de obras públicas e envio ilegal de dólares para o exterior. É evidente o conflito de interesses. Como um jornal pode vender um quarto de sua capa para divulgar a versão de uma empresa investigada? A questão ética, inerente à atividade jornalística, não fica comprometida com esse tipo de informe publicitário? Quando o departamento comercial fala mais alto dentro de um jornal, a credibilidade fica abalada. Um anúncio como este da Camargo Corrêa deve ter sido negociado diretamente com a chefia desses veículos e custado muita grana.
Outro problema é que os informes publicitários costumam se confundir com notícia, principalmente para aqueles leitores mais desatentos. Alguns podem até concluir que a versão da empresa é verdadeira porque saiu na capa de um grande jornal. Por isso, qualquer informação veiculada daqui para frente no Estado e na Folha estará sob suspeição, apesar da suposta neutralidade das redações.


