domingo, 17 de julho de 2011

“Comunicar é confiar no outro”


A frase do título, retirada do livro É preciso salvar a comunicação de Dominique Wolton, sintetiza o ato comunicativo e demonstra como é importante pensar a comunicação como uma relação de confiança e não como um negócio lucrativo.

Diferentemente de informar, que se preocupa apenas em transmitir mensagens, comunicar significa, além de difusão, compartilhamento, ou seja, preocupa-se com as condições em que o receptor recebe, aceita, recusa, remodela, e como responde à informação.

Por isso, Wolton defende a ideia de que a comunicação é um processo mais complexo que a informação, pois se trata de um encontro com um retorno, o que prevê um certo risco. O autor diz “o essencial continua a ser, como sempre, a questão do outro e da difícil relação que pode ser estabelecida com ele”.

O que vemos hoje é um aumento no volume de informação. Somos bombardeados por mensagens por todos os lados, a telefonia móvel e a informática de bolso estão se sofisticando rapidamente no que se refere à oferta de conteúdo informativo. No entanto, essa realidade atende apenas demandas de consumo e não da comunicação como valor humanístico e democrático.

O mundo ao alcance de todos é uma panacéia, afinal, toda essa exposição não o torna mais compreensível. Mesmo presente em todos os cantos, a informação não consegue explicar uma sociedade marcada pela complexidade e pela diversidade cultural.

Assim, a comunicação vai se restringindo ao seu caráter funcional de somente transmitir informações necessárias para o funcionamento de nossa sociedade. Mas essa simplificação impede que o ato de comunicar cumpra sua outra função: a de estabelecer relações, coabitando com o outro e promovendo o diálogo.

Alguns imaginam que o diálogo é garantido ao responder enquetes na internet ou enviando mensagens para programas de TV. Como dizia, o sociólogo Betinho, “o termômetro que mede a democracia numa sociedade é o mesmo que mede a participação dos cidadãos na comunicação”. Dessa forma, comunicar exige envolvimento de ambos agentes (emissor e receptor). Quando não se respeita esse princípio, corre-se o risco de falar sozinho.

A sociedade da informação está cada vez mais se sobrepondo à sociedade da comunicação.

2 comentários:

Cidinha Santos disse...

Excelente reflexão, Michel. Estou aguardando, ansiosamente, o debate do dia 19 de agosto. Vc pode produzir um texto sobre o assunto para distribuirmos aos participantes.
Beijão da Cidinha

Michel Carvalho disse...

Oi Cidinha,

Obrigado pelas palavras. Gostaria que divulgasse o texto em sua rede de contatos. Quanto ao texto, podemos pensar juntamente com os outros debatores um material para ser entregue aos participantes.

Bjus