sábado, 3 de setembro de 2011

Laurindo defende modelo britânico para TV Brasil e Ley de Medios



Laurindo Lalo Leal Filho, jornalista, professor da ECA/USP e ouvidor-geral da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) foi um dos convidados da Roda de Conversa Acesso à Informação Pública: Direito de Todos, promovida pelo Fórum da Cidadania no no SESC/Santos no dia 19 de Agosto. Na ocasião, o professor concedeu uma entrevista ao blog. Confiram:

MÍDIA CIDADÃ- Existe muita confusão entre os conceitos de TV pública e TV estatal. Como o Sr os diferencia e quais exemplos desses dois modelos temos no Brasil e no mundo?
LAURINDO - Televisão pública é aquela que mantém independência em relação ao Estado e aos interesses privados. A estatal é um órgão do Estado. A BBC no Reino Unido, a NHK no Japão e a PBS nos Estados Unidos são bons exemplos de TV públicas. No Brasil a TV Cultura de São Paulo e a TV Brasil, graças a independência do Conselho Curador, são também bons exemplos.

MD- O modelo britânico de televisão pública deveria ser seguido pelo Brasil? O que falta para a TV Brasil ser uma emissora com a qualidade da BBC de Londres?
L - Sem dúvida. É o melhor exemplo. A TV Brasil necessita ter outras fontes de financiamento para garantir mais independência em relação ao Estado. Embora nos governos dos presidentes Lula e Dilma ela tem tido total independência tanto pela postura desses governantes como pelas posições tomadas pelo Conselho Curador.


MD - O controle social da mídia é atacado por vários setores da sociedade, principalmente por jornalistas e empresários da comunicação que o acusam de volta da censura. O Sr acredita em uma Lei Geral das Comunicações que atenda as demandas dos mais diferentes setores? O que acha da Ley de Medios da presidente Cristina Kirchner?
L - Começando pelo fim, a Ley de Medios argentina é uma das mais modernas e democráticas leis de comunicação existentes no mundo. Ela foi produzida após uma ampla pesquisa realizada em vários países com sólidos princípios democráticos e debatida por longo tempo e profundamente na sociedade. Uma lei de comunicações para o Brasil não tem necessariamente de atender as demandas dos mais diferentes setores. Aqueles, por exemplo, que querem manter os monopólios de comunicação intactos não devem ser atendidos. Ela tem que atender aos interesses das camadas mais amplas da população e não de setores minoritários e privilegiados.


MD - O Sr defende a exibição do programa de rádio Voz do Brasil, herança do getulismo? Ele ainda tem o caráter público de prestação de contas do governo e do legislativo?
L - Sim. É talvez o único programa informação de rádio independente existente no Brasil. Ele independe totalmente dos interesses dos donos das emissoras de rádios, refletidos sempre nos noticiários. Não presta conta apenas do executivo e do legislativo, mas também do judiciário e dá informações importantes para o público que não são dadas pelas emissoras comerciais. E defendo também a manutenção da Voz do Brasil no horário da 19h em todas as emissoras, como é hoje.


MD - Com a internet, há uma maior diversidade de opiniões colocadas em jogo. No entanto, a TV ainda é o meio mais popular de entretenimento e informação da população brasileira. O Sr acredita que os blogs e redes sociais podem influenciar os debates colocados na agenda social brasileira, mesmo com a primazia da TV?
L - Sim. Embora ainda o número de usuários da internet em relação a TV ainda seja pequeno, isso já está ocorrendo.


MD - O Sr acha que o Ranking da Baixaria na TV publicado anualmente é ignorado pelas emissoras da TV e pela sociedade? Como fazer para que ele seja mais efetivo na defesa dos direitos humanos?
L - Divulgando-o mais. Envolvendo mais pessoas e abrindo novos canais para manifestações do público que está saturado de tanta baixaria. Só assiste e dá audiência porque não tem alternativas melhores.

Um comentário:

AF Sturt Silva disse...

Gostei dessa entrevista e concordo em parte.

Só queria saber como o professor vê a questão de Tvs alternativas, por ex na cobertura das revoluções arabes, destacarem a TeleSUR e Al Jazira.

E os meios alternativos que vem nascendo nos movimentos socias como Brasil de Fato, Aporrea (Venezuela)etc...