quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A mídia paulistana é anti-PT?

O locutor pergunta:
“Você sabe mesmo quem é o Kassab?

Sabe de onde ele veio?
Qual a história do seu partido?
De quem foi secretário e braço direito?
De quem esteve sempre ao lado, desde que começou na política?
Se já teve problemas com a justiça?
Se melhorou de vida depois da política?
É casado? Tem filhos?
Já que ele não informa nada, não é mais prudente se informar melhor sobre ele?"

As perguntas em negrito fazem alusão à homossexualidade? Sinceramente, acho que não. Mas a maioria dos formadores de opinião considera que esse tipo de questionamento veiculado na propaganda eleitoral da candidata Marta Suplicy (PT) tem conotação discriminatória.

A mídia, que até agora disfarçava sua predileção, escancarou seu posionamento depois do polêmico comercial. Os jornais e sites repercutem o caso incansavelmente, entrevistando grupos GLBTT, políticos e sociólogos a fim de comprovar a tese que a campanha petista foi preconceituosa ao levantar tais insinuações. A imprensa em geral adotou um discurso que vitimiza o prefeito e condena a ex-ministra.

Realmente, ser casado e ter filhos são informações irrelevantes se forem comparadas com a trajetória política de cada candidato. Creio que essas perguntas de ordem pessoal mostram mais o nível de desconhecimento do eleitor em relação ao atual prefeito do que dúvidas quanto a sua opção sexual. Essa polêmica tomou conta do debate programático, esvaziando qualquer análise aprofundada das propostas dos candidatos para as áreas da saúde, educação, transporte, cultura, entre outras. Isso acaba favorecendo quem está na frente das pesquisas, no caso Kassab.
*
P.S: A revista Veja dessa semana traz na Carta ao Leitor o editorial O povo não é bobo. Nele, a publicação comenta sobre o resultados das eleições municipais, destacando o desempenho de Kassab e afirmando que a população votou nos melhores, independente do partido. O texto é acompanhado por uma foto do prefeito com a legenda "Gilberto Kassab, de São Paulo: exemplo de que a maioria dos brasileiros sabe, sim, votar". Agora, não há dúvida de que lado está a revista do grupo Abril. Pelo menos, não disfarça essa manifestação de apoio de matéria jornalística isenta.

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