sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lições de uma fraude

Jornais admitem falhas na cobertura do caso Paula Oliveira

Carla Soares Martin e Sérgio Matsuura

Mesmo antes do fim da investigação da polícia suíça sobre o caso Paula Oliveira, jornais do Brasil admitem ter cometido falhas na cobertura. O suposto ataque de neonazistas contra a brasileira foi primeiramente noticiado pelo Blog do Noblat, e repercutido por praticamente toda a imprensa do País.

“Eu acho que a Folha foi mal como todos os outros jornais e veículos de comunicação. Foi precipitada. Compramos a notícia sem confirmação própria”, avalia o ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva.

O diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour, afirma que o jornal registrou a informação divulgada pelo Blog do Noblat e foi a campo, com uma entrevista com o pai de Paula Oliveira e informações do Itamaraty. Porém, admite a falta do outro lado da história. “Ficou 24 horas num pé só. Serviu como um aprendizado para o futuro”, diz Gandour.

Essa é a mesma opinião do professor e ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunicação, Laurindo Leal Filho: “Os fatos eram graves demais para ficar em uma só versão”. Ele também ressalta a diferença da apuração realizada por blogs e por veículos de comunicação.

“Os blogs não substituem a cobertura jornalística. Os blogueiros não têm estrutura para planejar e executar uma cobertura. Para este caso, fazia-se necessária uma equipe de reportagem", afirma Leal Filho.
(Publicado originalmente no site Comunique-se)

4 comentários:

Cristiano Ventura disse...

Sempre interessante pensar pelo lado contrário. Se acontecesse a mesma coisa com um suiço aqui no Brasil, a polícia NUNCA iria descobrir uma possível autoflagelação, antes teria condenado várias pessoas suspeitas. A meu ver, essa fanfarronice toda serve para notarmos a nossa auto-estima baixíssima enquanto nação.

Anônimo disse...

É, ficou uma situação feia para os dois jornais que foram atraz da "informação". Talvez cômica sob um ponto de vista...
Achei interessante o comentário do Cristiano, mas a palavra "nunca" descrita acima foi radical demais.

Cristiano Ventura disse...

uhum.... concordo....na prática ficou meio radical mesmo... mas foi de propósito...justamente pra provocar o incômodo no leitor, causando maior impacto na percepção da "baixo-estima"

Anônimo disse...

Neste caso, acho que o mais preocupante é que imprensa brasileira cometeu um dos piores erros do jornalismo - a falta de apuração. Esse caso poderia ter tomado um rumo ainda pior se o governo fosse levado pelo clamor dos chamados "formadores de opinião". Outro aspecto relevante é que a imprensa suiça também cometeu um grande equívoco ao comentar que a simulação de gravidez é uma prática comum entre as brasileiras. Ambos, suiços e brasileiros, se excederam, por isso, os comunicadores devem ser mais responsáveis na hora de divulgar uma notícia.