domingo, 11 de outubro de 2009

Sinais dos tempos

Segundo o site Comunique-se, a procura pelo curso de Jornalismo da USP diminuiu. Pela primeira vez em dez anos, menos de dois mil candidatos se inscreveram para concorrer a uma das 60 vagas oferecidas pela universidade. O fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão é apontado como um dos fatores que influenciaram a diminuição.


Para se ter uma idéia da queda na procura, no ano passado, o jornalismo era a terceira graduação mais procurada. Para o vestibular de 2010, caiu para o sexto lugar. É inegável que a falta de regulamentação na profissão causa um impacto negativo no número de inscritos no vestibular para jornalismo, mas existem outros aspectos que ajudam a explicar essa realidade, entre eles, a crise de credibilidade vivida pela imprensa brasileira.


Recentemente, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma ficha criminal falsa da ministra Dilma no Dops. Na época, o veículo alegou que não poderia garantir que o documento era verdadeiro, mas tão pouco comprovar que era forjado. Ficou claro neste caso que a intenção era criar um desconforto à pré-candidata do PT à presidência.


Outro erro grave da Folha foi a capa do dia 19 de julho deste ano que trazia a manchete “Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em dois meses”. O alarmismo irresponsável foi criticado pelo próprio ombudsman do jornal. O episódio criou um clima de pânico na sociedade e uma corrida aos hospitais.


Um dos princípios do jornalismo é escutar todos os envolvidos numa questão, mas alguns veículos agem de maneira unilateral, tomando partido para um determinado grupo. Nos últimos dias, imagens de integrantes do MST destruindo laranjais dominaram o noticiário. No entanto, nada se comentou que a posse da fazenda invadida, da empresa de sucos Cutrale, é contestada pelo movimento por ser uma área da União.


Ser jornalista ainda é o sonho de muitos jovens que acreditam na importância da profissão para o funcionamento da sociedade. Mas, a falta de regulamentação, que trouxe insegurança, aliada à crise ética que ronda a imprensa brasileira desestimula muitos vestibulandos. A queda na procura do curso de jornalismo da USP é só um sinal dessa derrocada.


O momento é de reflexão, afinal, ainda vale à pena estudar jornalismo para trabalhar na imprensa brasileira?

Um comentário:

Anônimo disse...

eu sou favorável à corrente de pensamento que somente profissões de cunho científico devam ter exigencia legal de diploma... para vc abrir uma microempresa, te exigem diploma de administrador? Com certeza o mercado vai se auto-regular de modo que somente os bons profissionais terão espaço, assim como é em outras áreas...
outra coisa, onde fica o desenvolvimento de novas técnicas e conhecimentos, se nos for imposto um modelo pré-concebido?? Aos pioneiros do jornalismo, não era exigido diploma...