domingo, 1 de novembro de 2009

Um herói genuinamente brasileiro

Depois de uma eficiente estratégia de divulgação na internet, Besouro chega aos cinemas causando grande furor. Misturando ação, romance e muita fantasia, o filme de estréia do João Daniel Tikhomiroff é ousado na tentativa de transformar um símbolo da resistência negra num herói da cultura pop, com direito a efeitos especiais ao estilo O Tigre e o Dragão.


A história se passa na década de 20 no Recôncavo Baiano. Naquele tempo pós-abolição, os negros continuavam sendo humilhados pelos senhores de engenho. Mestre Alípio, uma espécie de líder no povoado, é assassinado pelos capangas do Coronel Venâncio. Manoel Henrique Pereira, o Besouro, conduzido por Exu, decide vingar a morte de seu mentor e libertar o povo da opressão.


Além de muitas lutas e perseguições, o filme também apresenta um triângulo amoroso formado por Besouro (Ailton Carmo), Dinorah (Jessica Barbosa) e Quero-quero (Anderson Santos). Os três são amigos de infância que jogavam capoeira nas ruas de Santo Amaro da Purificação, mas a disputa pela linda garota acaba com a amizade dos dois rapazes e conduz a uma grande traição.


Besouro, baseado no livro Feijoada no Paraíso, de Marco Carvalho, mergulha fundo no misticismo das religiões afro-brasileiras, chegando a ser didático para explicar o universo dos orixás. O protagonista tem o "corpo fechado" contra os inimigos. O nome besouro tem origem na identificação do garoto Manoel com o inseto de cor preta que desafia as leis da Física e consegue voar, mesmo sendo pesado e com asas curtas.


O ator que vive Besouro tem uma atuação tímida para um protagonista, é verdade que os diálogos não ajudam. Além disso, o filme tem problemas de montagem, como na cena em que um personagem aparece sem nenhum arranhão depois de ter sido ferido. As narrações durante a história são desnecessárias. Com 35 anos de publicidade, o diretor João Daniel Tikhomiroff não consegue se livrar da linguagem “videocliptica” em sua estréia no cinema.


Apesar desses detalhes, Besouro merecia representar o Brasil na seleção para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Trata-se de um ótimo produto de exportação com cenários deslumbrantes, vigorosa trilha sonora e boas seqüências de ação. No entanto, o mais importante do longa é o resgate histórico de um mito e a valorização da capoeira como patrimônio cultural.

3 comentários:

Fábio Bispo disse...

nossa boa indicação, parece q esse é dos bons!!!

Cristiano disse...

Cara, com certeza esse filme é um divisor de águas do cinema nacional. Existem cenas que parecem de filmes estrangeiros, como o Kill Bill. Por ser um assunto pouco divulgado no Brasil, as narrativas serviam como uma contextualização, ao misticismo. Sem contar que a trilha sonora é sensacional, com Nação Zumbi e muito Rock para dar ação.

"Besouro cordão de ouro.."

Michel Carvalho disse...

Realmente, a trilha sonora da Nação Zumbi é sensacional!!!!! E as cenas de ação também impressionam. Espero que Besouro tenha vida longa e fique em cartaz muitas semanas.