domingo, 7 de fevereiro de 2010

Preciosa, comovente e singular



O cinema coleciona dramas sobre superação, pessoas que sofreram muito e conseguiram dar a volta por cima. Preciosa - Uma história de esperança, que estreia nesta sexta, tem essa marca, mas de uma forma arrebatadora, como há muito tempo não se via. O filme de Lee Daniels (Matadores de Aluguel) comove por ser sensível e brutal ao mesmo tempo.


O longa conta a história da jovem Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) que vive no Harlem, tradicional bairro pobre de Nova Iorque. Precious é negra, gorda e analfabeta. Ela sofre diariamente com as agressões físicas e psicológicas por parte de sua mãe (Mo'Nique). Estuprada pelo próprio pai, a garota tem um filho com deficiência mental e está grávida de um segundo.


Humilhada por todos, Precious sente-se deslocada do mundo ao ponto de querer estar morta. Mas, às vezes, a jovem esquece toda a tristeza e dá asas à imaginação, sonhando com um namorado branco e estampando capas de revistas. O destino da garota parece mudar quando é indicada para a escola Each one Teach One, onde conhece a professora Rain (Paula Batton) que lhe ajuda a vencer todos os desafios.


A mãe de Precious é o retrato da decadência humana, preguiçosa, ressentida e violenta. Sua única preocupação é não perder o benefício da assistência social. A atuação de Mo'Nique é irretocável, causa ódio e repulsa. Ela é a grande favorita na disputa pela estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante.


Preciosa concorre também nas categorias de melhor filme, diretor, roteiro adaptado e atriz para a estreante Gabourey Sidibe. Baseado no livro Push da ativista negra Sapphire, o longa ainda conta com a participação de Mariah Carey, como assistente social, e do cantor Lenny Kravitz, como um enfermeiro. Ambos surpreendem positivamente.


O filme de Lee Daniels não é para todos. Mesmo com uma mensagem de esperança, Preciosa foge dos clichês de finais felizes. Muitos podem achar que o longa exagera no martírio da protagonista, mas, infelizmente, histórias de sofrimento como a de Precious continuam acontecendo tanto no Harlem, como nas periferias do Brasil.

4 comentários:

Anônimo disse...

MUito legal tua iniciativa, apresentar o que poucos reconhecem e sim, infelizmente há vidas sofridas de uma forma inacreditável. Falta amor neste mundo cão. Lembrei dos menininhos que fugiram de casa e pediram socorro à polícia pois seus pais (a mãe e o namorado ou marido, amasiado, sei lá) queriam matá-los. E não era a primeira vez que pediam socorro; eram vítimas de constante violência, que os vizinhos sabiam mas ninguém fazia nada (pobre sofre). A polícia não quis levar a sério. não lhes deu amparo, mas ao contrário, escoltou-os de volta ao lar terrificante lar (na real não havia lar), oui seja, escoltou-os à morte. Preciso contar o final da história macabra e absurdamente real? Me deu vontade de ver este filme que vc indicou. "Preciosa". Triste né?////

Vanessa Utzig disse...

Acabei de fazer um comentário anônimo, acabei não conseguindo colocar me nome, mas sou eu mesma quem comentou. Parabéns pelo blog. Sucesso.

Inez disse...

As histórias de superação são muito interessantes e podem servir de incentivo a aqueles que precisam de um pequeno empurrão para fazer alguma coisa.

Michel Carvalho disse...

O Brasil coleciona histórias de abuso contra crianças e adolescentes. É inevitável não associar o drama de Precious com a realidade brasileira. Vanessa e Inez, obrigado pelos comentários!!!