segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Perseguição?

A ex-ministra da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Matilde Ribeiro, pediu demissão no último dia 1º. Sua saída do governo foi motivada pela suspeita de uso irregular do cartão corporativo. O proceso de "fritura" de Matilde pela mídia durou cerca de uma semana. Durante esse período, a imprensa se posicionou de maneira unilateral, acusando-a de fazer pagamentos referentes a gastos pessoais. Além disso, a SEPPIR foi descrita pelo jornal Folha de S. Paulo como apenas um "orgão simbólico da Presidência, com baixo orçamento e pequena autonomia". Outros jornalistas questionaram a criação da pasta, sugerindo até a sua extinção.

Bom, diante disso, algumas questões ficam claras. Matilde foi mal assessorada no que se refere ao uso do cartão corporativo. Como gestora pública, ela não poderia ter cometido um erro tão primário (R$ 471,00 gastos num free-shop). No entanto, fica nítido também que a mídia não procurou explicar as características do cartão corporativo, afinal, o seu uso é necessário para despesas eventuais que dispensem licitações. No caso da ex-ministra, ficou parecendo que ela usou o dinheiro para fazer turismo simplesmente.

Outro ponto ignorado pela mídia é a importância da SEPPIR para a comunidade negra. A pasta, por exemplo, garantiu terra, saúde e educação para milhares de descendentes de escravos de áreas quilombolas. Além disso, a secretaria trabalha no desenvolvimento de ações afirmativas, como o Estatuto da Igualdade Racial. É verdade que muitas outras ações poderiam ter sido efetivadas, mas com um orçamento tão apertado fica complicado.

Acusar a mídia de racismo é ser simplista, afinal, alguns abusos foram cometidos. Porém, a abordagem do caso Matilde teve um viés de "caça às bruxas".

2 comentários:

Unknown disse...

Acredito que a mídia não teria "perseguido" a Ministra se a mesma não tivesse dado motivos para isto.

Anônimo disse...

O problema é que neste governo a desculpa sempre cai em cima da assessoria. Será que esses assessores nunca trabalham direito?
É pra se pensar!