segunda-feira, 1 de março de 2010

AFIRME-SE: Pela defesa das cotas nas universidades



Nos dias 3, 4 e 5 de março, será promovida uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal que discutirirá as políticas de ação afirmativa para reserva de vagas no ensino superior. Os setores mais conservadores da sociedade brasileira, ancorados pelo unilateralismo da mídia e representados no Congresso por deputados e senadores do partido DEM, querem abolir as cotas das universidades.

Diante dessa ofensiva contra uma conquista histórica, movimentos sociais e entidades ligadas à população negra se articularam e produziram uma campanha para mobilizar as pessoas em defesa das cotas (veja o vídeo). Para saber mais sobre a iniciativa, basta acessar: http://afirmese.blogspot.com.

Segundo levantamento da UnB (Universidade de Brasília), o Brasil tem mais de 22 mil cotistas negros em faculdades públicas, representando apenas 1,7% dos alunos. Esses números escancaram o apartheid racial no ensino superior
. No entanto, os detrataores das cotas alegam que essa ação afirmativa é uma medida inconstitucional e discriminatória.

A sociedade brasileira precisa assumir suas mazelas, até para superá-las. Os negros ainda, em sua maioria, constituem a parcela mais excluída de nossa população. A extinção das cotas nas universidades públicas significaria dizer que o Brasil resolveu a questão da igualdade racial. E isso está longe de acontecer, basta verificar os índices relativos ao acesso da população negra à educação, moradia, saúde, entre outros.

A política de cotas deve ter prazo de validade sim, mas ela se faz necessária diante da desigualdade entre negros e brancos no que se refere às oportunidades. Espero que a audiência pública no STF ilumine o debate no sentido de desfazer factóides, como a possível queda na qualidade das instituições públicas, algo desmentido por pesquisas que apontam aproveitamento igual ou superior dos cotistas em relação aos alunos ingressos no sistema universal.

PELA DEFESA DAS COTAS NAS UNIVERSIDADES: AFIRME-SE!!!

2 comentários:

Felipe S. Gomes disse...

Michel,

Eu concordo que o estado deve oferecer educação pública de qualidade e destinar quotas para estudantes socialmente desfavorecidos.

Contudo eu discordo que o Estado discrimine indivíduos praticando o racismo.

Gostaria de saber como você encara isso: a destinação de cotas para pobres é melhor ou pior que a destinação de cotas para negros, e porquê você pensa assim.

Na minha opinião as cotas para pobres seria mais acertado para corrigir a diferença entre as classes sociais.

Aguardo a sua resposta.

Michel Carvalho disse...

Caro Felipe,

As cotas são uma política que visa incluir grupos historicamente excluídos na universidade pública. As cotas sociais são muito importantes também, mas elas ignoram o fato concreto que é a desigualdade entre brancos e negros. É inegável que entre pobres, brancos tem mais oportunidades do que negros. Tratar os desiguais com igualdade é sim cometer uma desigualdade. Os números são reveladores nesse sentido. Por isso, defendo as duas modalidades de cotas, tanto sociais como étnicas(que incluem negros e indígenas. Na maioria das universidades públicas brasileiras, parece que estamos num país europeu, tamanha é a ausência de negros. Isso está mudando lentamente com a adoção das cotas, que deve ser uma política com data para acabar. Enfim, achar que vivemos numa democracia racial não passa de uma falácia, isso só na novela das oito, basta andar nas periferias das grandes cidades. Contudo, respeito sua opinião, apesar de não concordar com ela.