sábado, 8 de outubro de 2011

Meu País: reencontos e descobertas



Há um país dentro de cada um de nós. Um lugar misterioso, às vezes, inatingível, do qual somos tão íntimos quanto estrangeiros. Essa é a premissa de Meu País, de André Ristum. O drama conta uma história de reencontros e descobertas, em que o maior desafio é mostrar o que se sente. Contando com um ótimo elenco e uma bela fotografia, o filme tem uma aura de cinema europeu, o que é atraente, mas também causa um estranhamento.

Marcos (Rodrigo Santoro) é um empresário bem-sucedido e que há muito tempo deixou o Brasil para viver em Roma. Casado com a italiana Giulia (Anita Caprioli), ele se vê obrigado a retornar ao país, depois da morte de seu pai (Paulo José). Tiago (Cauã Reymond), irmão de Marcos, é viciado em jogo e está gastando a grana da família para pagar suas dívidas.

Depois de acompanhar o funeral do pai, Marcos imaginava que logo estaria de volta à Itália. Mas além de ter que administrar os negócios da família e cuidar dos problemas causados por Tiago, o empresário descobre que tem uma meia-irmã, Manuela (Debora Falabella), que vive numa clínica psiquiátrica. A jovem, que tem idade mental de uma criança, precisa de um lar e de carinho. O surgimento de Manuela mexe com Marcos, que terá que aprender a cuidar de alguém.

Tiago, cada vez mais endividado e envolvido com pessoas perigosas, não quer conviver com Manuela, nem aceita as ordens do irmão para controlar as finanças da família. Giulia precisa voltar à Itália. Diante desses dilemas, Marcos precisa tomar uma decisão, mas para isso precisa fazer um mergulho em si próprio, superando diferenças e vazios.

O que não fica muito claro é o que aconteceu para que Marcos ficasse tanto tempo sem rever seus familiares. A história também não explica o ressentimento que existe entre ele e Tiago. Até seus negócios na Itália são uma incógnita. Outro hiato é a relação que o pai tinha com os filhos. Essas pistas ajudariam a entender melhor essa família, mas não chegam a comprometer a alma do filme.

Com uma atuação brilhante, Rodrigo Santoro mostra porque é hoje o principal nome brasileiro no cinema internacional. Debora Falabella está muito bem vivendo um personagem complexo que exige uma interpretação sem exageros. Cauã, em mais um papel como jovem irresponsável, é razoável. Talvez seja a hora de encarnar outros tipos. Já Paulo José, em apenas alguns minutos, rouba a cena. Um gênio.

Sucesso de crítica, Meu País levou cinco prêmios oficiais no Festival de Brasília, entre eles, melhor ator para Rodrigo Santoro; diretor para Andre Ristum e o de melhor longa do júri popular. Merecido. Com relação ao estranhamento, a sensação logo passa pela qualidade da película. 

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