quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Uma aventura ao universo de Jorge Amado



Sinta-se transportado para o universo de Jorge Amado. A Bahia, marginal e esplendorosa, com todo seu tempero e ginga. Depare-se com seus tipos mais famosos, como o malandro, a folgosa e a mãe de santo. Capitães da Areia, de Cecília Amado, neta do escritor, garante essa aventura. Mais do que um filme, a versão cinematográfica do clássico de Jorge é uma justa homenagem a um dos maiores nomes de nossa literatura.


Em Salvador, na década de 30, menores abandonados formam um bando chamado de Capitães da Areia e se instalam no Trapiche, um velho prédio. Liderados por Pedro Bala (Jean Luis Amorim), eles praticam roubos pelas ruas da cidade. Cada garoto ali tem uma história de violência e sofrimento para contar. Desde cedo, os capitães aprenderam o que é ser entregue à própria sorte.


Pedro Bala é considerado um herói pelos Capitães da Areia, aquele que conhece todos os becos de Salvador. Por ser o chefe, o rapaz precisa tomar decisões difíceis, como expulsar alguém que não cumpra as regras do grupo. Seu braço direito é Professor (Robério Lima), o cérebro do bando, responsável por planejar os assaltos. O garoto, que tem o dom de desenhar, adora contar histórias mirabolantes.


Gato (Paulo Abade), bom de jogo e de capoeira, joga todo seu charme para conquistar a prostituta Dalva (Ana Cecília). Sem Pernas (Israel Gouvêa), aleijado e muito infeliz, é peça central de um plano do grupo para roubar uma família rica. A revolta do garoto cresce à medida da falta de esperança numa vida melhor. Já Boa Vida (Jordan Mateus), é o bom malandro, o que mais brinca no bando, o menino adora uma roda de música e mexer com a mulherada. 


A rotina de armações dos Capitães da Areia muda com a chegada de Dora (Ana Graciela), uma garota que perdeu sua mãe, vítima de uma epidemia de varíola que assolava a cidade. Com seu jeito carinhoso e valente, ela encanta a todos no Trapiche, até Pedro Bala que, no começo, não gostou da ideia de ter uma menina no bando, acaba não resistindo aos encantos de Dora.

O elenco é formado basicamente por não atores. São garotos que foram selecionados em organizações culturais de Salvador e passaram por oficinas de interpretação. Essa fórmula já foi usada em Pixote, Cidade de Deus e Querô. Mas em Capitães da Areia, a fórmula não funciona tão bem. O grande destaque é Ana Graciela, que atua com doçura e naturalidade. 


Jorge Amado escreveu o livro Capitães da Areia com 24 anos. As marcas de sua juventude estão em cada página. Um grito por liberdade ecoa em toda a história. Cecília tem o mérito de conseguir transportar esse sentimento para o filme, mesmo que não surpreenda.  Se falta ousadia, sobra louvação à Bahia de todos os santos.

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