domingo, 15 de junho de 2008

O DNA da imprensa brasileira

O livro "1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil", do jornalista Laurentino Gomes, traz um trecho revelador quanto às origens de nossa imprensa:

"Para fugir à censura, o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro, era publicado em Londres. Seu fundador, o jornalista Hipólito José da Costa, nasceu no Rio Grande do Sul e deixou o Brasil quando tinha 16 anos (...)
(...) O mesmo Hipólito que defendia a liberdade de expressão e idéias acabaria, porém, inaugurando o sitema de relações promíscuas entre imprensa e governo no Brasil. Por um acordo secreto, D. João começou a subsidiar Hipólito na Inglaterra e a garantir a compra de um determinado número de exemplares do Correio Braziliense, com o objetivo de prevenir qualquer radicalização nas opiniões expressas no jornal. Segundo o historiador Barman, por esse acordo, negociado pelo embaixador português em Londres, D. Domingos de Sousa Coutinho, a partir de 1812, Hipólito passou a receber uma pensão anual em troca de críticas mais amenas ao governo de D. João, que era um leitor assíduo dos artigos e editoriais da publicação".

Fazendo uma analogia com a mídia atual, observamos que essa dependência do capital público continua até hoje. A publicidade oficial ainda sustenta muitos jornais e revistas pelo Brasil inteiro. No mínimo, essa relação "incestuosa" compromete a credibilidade desses veículos, criando um conflito de interesses.
Comemorando 200 anos, a imprensa brasileira precisa fazer uma auto-reflexão. Se em alguns momentos da história, ela foi fundamental na apuração da verdade, revelando fatos obscuros. Em outros, o jornalismo esteve a serviço de grupos políticos e empresariais.
Ao examinarmos o passado, chegamos a conclusão que muitos de nossos problemas só se agravaram, para alegria de quem está no poder.

2 comentários:

Anônimo disse...

E essa releção incestuosa é como uma doença emocional que causa dependencia em vários aspectos, o financeiro é um deles, é a perseguição e censura camufladas.

Anônimo disse...

Ah! Parabéns a toda imprensa brasileira!