sábado, 8 de novembro de 2008

A cor da discórdia

Moreno. Mulato. Preto. Mestiço. Afinal, como pode ser definido o presidente eleito dos EUA, Barack Obama? Filho de um queniano negro de origem muçulmana e uma norte-americana branca, o novo homem forte da Casa Branca causa polêmica quando o assunto é a sua etnia.

Muitos ativistas do movimento afro-americano vêem Obama como sucessor de Martin Luther King, grande ícone da luta contra o racismo, assassinado em 1968. Já a Ku Klux Klan, organização xenofóbica que prega a supremacia branca, considera o presidente democrata só metade negro, uma vez que foi criado num ambiente familiar de brancos.

O sociólogo Demétrio Magnoli comenta que a imprensa errou ao estampar a manchete "Eleito o primeiro presidente negro dos EUA". Segundo ele, o democrata se apresentou como candidato pós-racial. É verdade que mesmo convivendo com o preconceito na infância e na juventude, Obama não compartilha dos mesmos ideais do reverendo Jesse Jackson, líder americano dos direitos civis, defensor de ações reparatórias.

Em nenhum momento da campanha presidencial, Obama se colocou como candidato negro. Até porque esse posicionamento poderia afugentar o voto de 85% do eleitorado norte-americano que é branco. O democrata não defende bandeiras históricas e exclusivas da população negra. Não costuma falar de raça nem de cotas.

As referências de alguns chefes de Estado a Obama também são curiosas. O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou que ele é "bonito, jovem e bronzeado". Já Hugo Chavez, presidente da Venezuela, disse esperar que "a eleição de um afrodescendente marque o início de novas relações com Washington".

Mesmo criado por brancos, formado em uma instituição como Harvard, é inegável que a cor da pele de Obama é negra. Mais clara, menos escura, não interessa. Este é o seu fenótipo. A manchete dos jornais está correta. No entanto, ele parece acima dessa questão étnica. Apesar de simbólica, sua vitória representa mais um avanço da democracia do que a ascensão de um povo.

Independente de ser negro ou não, o novo presidente dos EUA já entrou para a história como um fenômeno mundial, de Wall Street à Nairóbi passando por Tóquio. Ele hoje encarna a figura do salvador, aquele que pode acabar com o colapso financeiro, retirar as tropas americanas do Iraque e, quem sabe, revogar o embargo à Cuba. Agora é torcer para que essa expectativa não seja frustrada.

Um comentário:

Cristiano Ventura disse...

Creio que tais afirmações de que Obama não é negro, é como um time que perde e diz que aquele título não era importante ou que o juiz roubou... Faltou reconhecimento....Só espero que agora diminua um pouco a tolerância do governo com organizações do tipo Ku Klux Klan.... talvez pintá-los todos de negro com um tinta que não saia mais, ou matá-los bem lentamente caso não queiram...