Israel veta jornalistas e propaga sua versão sobre ação em Gaza
Publicado em 03 de jan. na Folha de S. Paulo
Enquanto Israel ignora a decisão de sua Suprema Corte, determinando o acesso de jornalistas à faixa de Gaza, os serviços de informação do país continuam sua estratégia de exploração de todos os tipos de mídia para apresentar argumentos favoráveis à ofensiva.
Apesar de ter aberto nesta sexta-feira (2) a passagem de Erez para a saída de donos de passaportes estrangeiros, os israelenses não autorizaram a entrada da imprensa. Na quarta-feira (31), ordem judicial determinou o ingresso de jornalistas à área atacada quando a fronteira com Israel, no norte da faixa de Gaza, abrisse por razões humanitárias.
"A passagem hoje [sexta-feira] estava sobrecarregada com a retirada emergencial das pessoas", justificou o porta-voz do Exército Peter Lerner. Ele acrescentou que o acesso pode ser permitido amanhã. Em contraste com a situação dos jornalistas barrados, as forças israelenses divulgaram imagens de caminhões carregados de mantimentos ingressando o território pelo sul da faixa de Gaza (por Kerem Shalom). É um dos mais de 20 vídeos publicados no canal que as Forças de Defesa abriram no Youtube na última segunda-feira.
"A blogosfera e as novas mídias são basicamente uma zona de guerra", disse a major Avital Leibovich, porta-voz do Exército, sobre o canal no Youtube (que chegou a tirar do ar imagens de bombardeios, posteriormente liberadas).
"Muitas vitórias nos conflitos modernos são mediadas pela mídia. Temos a internet e todas as formas de comunicação modernas, e os militares decidiram divulgar suas mensagens com tais ferramentas", disse Gideon Doron, ex-presidente da agência regulatória que monitorou a privatização dos serviços de rádio e TV em Israel.
A estratégia tem inclusive um órgão gerencial, o Diretório Nacional de Informações, criado há oito meses por recomendação de um escrutínio da guerra contra o Hizbollah, travada no Líbano em 2006.
"O aparato de hasbara [termo em hebraico que significa "explicação" e é usado também como sinônimo de propaganda] precisava de um órgão para coordenar suas agências e virou uma plataforma de cooperação de todas entidades que lidam com relações públicas", disse o chefe do diretório, Iarden Vatikai, ao jornal "Guardian".
Via diplomática - A investida passa também por canais diplomáticos. Nesta semana, a Embaixada de Israel em Brasília encaminhou fotos de alvos israelense visados pelos foguetes do Hamas e um vídeo no Youtube justificando os ataques a Gaza, entre outros e-mails diários.
O consulado israelense em Nova York conduziu uma "entrevista coletiva" por meio do Twitter, sistema de microblogs que permite a publicação de textos de até 140 caracteres. O esforço não é voltado só ao Ocidente. O jornal "Haaretz" registrou que a ação israelense visa também "conquistar" canais de TV árabes via satélite", ao noticiar o esforço do Exército e da chancelaria em destacar quadros fluentes em árabe para falar à Al Jazeera e a outras emissoras do mundo árabe.
Mas a investida midiática pode gerar efeito contrário, conforme o "Haaretz" mostrou nesta sexta-feira (2) a partir de um vídeo de um bombardeio. Autoridades alegaram que o caminhão atingido levava foguetes do Hamas, mas ONGs humanitárias disseram que eram tanques de oxigênio usados numa fundição.
Publicado em 03 de jan. na Folha de S. Paulo
Enquanto Israel ignora a decisão de sua Suprema Corte, determinando o acesso de jornalistas à faixa de Gaza, os serviços de informação do país continuam sua estratégia de exploração de todos os tipos de mídia para apresentar argumentos favoráveis à ofensiva.
Apesar de ter aberto nesta sexta-feira (2) a passagem de Erez para a saída de donos de passaportes estrangeiros, os israelenses não autorizaram a entrada da imprensa. Na quarta-feira (31), ordem judicial determinou o ingresso de jornalistas à área atacada quando a fronteira com Israel, no norte da faixa de Gaza, abrisse por razões humanitárias.
"A passagem hoje [sexta-feira] estava sobrecarregada com a retirada emergencial das pessoas", justificou o porta-voz do Exército Peter Lerner. Ele acrescentou que o acesso pode ser permitido amanhã. Em contraste com a situação dos jornalistas barrados, as forças israelenses divulgaram imagens de caminhões carregados de mantimentos ingressando o território pelo sul da faixa de Gaza (por Kerem Shalom). É um dos mais de 20 vídeos publicados no canal que as Forças de Defesa abriram no Youtube na última segunda-feira.
"A blogosfera e as novas mídias são basicamente uma zona de guerra", disse a major Avital Leibovich, porta-voz do Exército, sobre o canal no Youtube (que chegou a tirar do ar imagens de bombardeios, posteriormente liberadas).
"Muitas vitórias nos conflitos modernos são mediadas pela mídia. Temos a internet e todas as formas de comunicação modernas, e os militares decidiram divulgar suas mensagens com tais ferramentas", disse Gideon Doron, ex-presidente da agência regulatória que monitorou a privatização dos serviços de rádio e TV em Israel.
A estratégia tem inclusive um órgão gerencial, o Diretório Nacional de Informações, criado há oito meses por recomendação de um escrutínio da guerra contra o Hizbollah, travada no Líbano em 2006.
"O aparato de hasbara [termo em hebraico que significa "explicação" e é usado também como sinônimo de propaganda] precisava de um órgão para coordenar suas agências e virou uma plataforma de cooperação de todas entidades que lidam com relações públicas", disse o chefe do diretório, Iarden Vatikai, ao jornal "Guardian".
Via diplomática - A investida passa também por canais diplomáticos. Nesta semana, a Embaixada de Israel em Brasília encaminhou fotos de alvos israelense visados pelos foguetes do Hamas e um vídeo no Youtube justificando os ataques a Gaza, entre outros e-mails diários.
O consulado israelense em Nova York conduziu uma "entrevista coletiva" por meio do Twitter, sistema de microblogs que permite a publicação de textos de até 140 caracteres. O esforço não é voltado só ao Ocidente. O jornal "Haaretz" registrou que a ação israelense visa também "conquistar" canais de TV árabes via satélite", ao noticiar o esforço do Exército e da chancelaria em destacar quadros fluentes em árabe para falar à Al Jazeera e a outras emissoras do mundo árabe.
Mas a investida midiática pode gerar efeito contrário, conforme o "Haaretz" mostrou nesta sexta-feira (2) a partir de um vídeo de um bombardeio. Autoridades alegaram que o caminhão atingido levava foguetes do Hamas, mas ONGs humanitárias disseram que eram tanques de oxigênio usados numa fundição.
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Porque a ONU é tão omissa no restabelecimento da paz na região da faixa de Gaza? Será que se Israel não fosse aliado dos EUA já não teria sofrido sanções internacionais?
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