quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma voz contra o imperialismo norte-americano

Panfletário, Ao Sul da Fronteira de Oliver Stone defende com contundência a tese que a América do Sul está vivendo uma verdadeira revolução, ignorada pelo resto do mundo. O diretor sai em uma viagem pelos países da região e narra a luta de seus governantes contra o imperialismo norte-americano, além de denunciar a manipulação da mídia dos EUA a respeito da realidade dos sul-americanos.

Stone conversa com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Lula da Silva (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina), bem como seu marido e de ex-presidente Néstor Kirchner, Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Raúl Castro (Cuba). No entanto, a estrela do documentário é o mandatário venezuelano. Mostrando sua face mais humana, Chávez aparece como um homem destemido, honrado, que morreria pelo seu povo.

Ao Sul da Fronteira identifica o governo Lula como de centro-esquerda, contrapondo-se ao estilo de seus amigos mais radicais, que romperam com o FMI, estatizaram petrolíferas e cassaram concessões de emissoras de TV. Talvez por este motivo, Lula apareça rapidamente no filme, apenas como coadjuvante.

Quem assiste ao filme e não conhece nada da América do Sul, imagina que Chávez exerça uma liderança inequívoca, capaz de determinar os rumos da região. O que não se traduz na realidade, ainda mais no momento em que o Brasil está na “crista da onda”, mediando conflitos internacionais, sediando grandes eventos esportivos e ambicionando uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

O aspecto mais interessante do filme é a crítica ao FMI (Fundo Monetário Internacional) que lucrou com a recessão dos países sul-americanos. O pagamento da dívida resultou em inflação e, consequentemente, no caos social que tomou varreu o continente. Stone também acusa os EUA de terem apoiado o golpe sofrido pelo presidente venezuelano em 2002. O próprio New York Times defendeu a queda de Chávez em editorial.

Por falar em imprensa, no começo do filme, jornalistas da Fox News aparecem ridicularizando o hábito de mascar coca do presidente boliviano, numa grande demonstração de ignorância à cultura daquele país. A mídia conservadora e republicana norte-americana parece muito com a brasileira, pelo menos, no desrespeito aos líderes da América do Sul e na perseguição a grupos historicamente excluídos como imigrantes, negros, mulheres e índios.

Agora essa visão que o espírito bolivariano está transformando a América do Sul e poderá mudar o mundo é um tanto ingênua, para não dizer estúpida. Os países da região estão realmente tendo uma nova postura diante da Casa Branca, mas agem mais olhando para seus quintais, não há ainda uma integração sul-americana como propagada no filme.

Em Ao Sul da Fronteira, Oliver Stone mostra seu lado Michael Moore, tocando o dedo na ferida e criando polêmica. O diretor aparece entrevistando, batendo uma bola e até passando mal por causa da altitude em La Paz. Essa presença do diretor na frente das câmeras aumenta a impressão de filme-tese em que o autor abandona qualquer distanciamento e quer convencer o público de suas teorias. É bem verdade que algumas fazem todo sentido.

4 comentários:

Senn disse...

Ops! Tudo bem? Você tem esse documentário em mãos ?

Michel Carvalho disse...

E ae Beto

Td blz? Então, o documentário está sendo exibido no Espaço Unibanco no Shopping Frei Caneca, mas logo deve está disponível em algum site na rede. Vale a pena conferir!!!

Abs

Michelle disse...

Pelo pouco que li aqui, no que mostra o documentário, nosso presidente prefere sentar em cima do muro e tombar mais pra lá do que para cá, com relação a postura diante dos domínios norte-americanos, certo?! O "comunismo" vira "imparcialidade" já que ele tem um "queijo" em vista e não quer perder a "faca" não é?! rsrsrs (esse documentário me parece atraente!!) Valeu a dica!

Michelle disse...

Ah! Deixa algo por aqui se vc tiver acesso a esse docum. valeu?! *