quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A esquerda é má

Pergunta da semana: Por que Hugo Chavez, Fidel Castro, Che Guevara e João Pedro Stedile (MST) são retratados assim nas capas das revistas brasileiras?
P.S: Percebam que as fotos sofreram manipulação para que os personagens ficassem mais sombrios e assustadores. Além disso, os títulos reforçam a conotação negativa das capas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Credibilidade em xeque

A polêmica entre a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e os jornais Folha de S. Paulo e O Globo está gerando um avalanche de ações na justiça. Na última edição do programa Domingo Espetacular, da Rede Record, foi veiculada uma matéria de quatorze minutos em que são mostrados fiéis que se sentiram ofendidos moralmente pelas reportagens feitas pelos jornais.


A IURD contesta a reportagem da Folha “Universal chega aos 30 anos com império empresarial” publicada em de 15 de dezembro de 2007. Um dos trechos que mais revoltaram os líderes da igreja é o seguinte: “Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”. A jornalista poderia ter sido mais cuidadosa ao levantar essa possibilidade sem provas consistentes.


Os fiéis também se sentiram ofendidos pelo jornal carioca que utilizou termos pejorativos ao se referir à IURD. Em uma das matérias, o título era “Seita montou um império diversificado”. A reportagem levanta suspeitas sobre os negócios dos bispos da igreja.


O Domingo Espetacular ainda entrevistou juristas e especialistas em religião para confirmar o caráter preconceituoso das matérias dos jornais. O fato de a Rede Record pertencer ao bispo Edir Macedo da IURD é relevante quando se pensa em isenção jornalística. Na reportagem, ninguém contrário às ações dos fiéis foi ouvido. A opinião da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e de outras entidades deveriam constar na matéria.


A Folha respondeu às ações com o editorial "Intimidação e má-fé" na capa do dia 19. O ombudsman do jornal comentou em sua coluna diária que o veículo “reage a um modelo de ataque ao jornalismo que, se vingar, restringirá a liberdade de imprensa no país”. Nessa mesma edição, uma página foi dedicada à cobertura, com o título principal "Universal quer intimidar, dizem entidades".


Quem perde nesse embate entre os jornais e a igreja Universal é o cidadão que acaba recebendo uma informação contaminada e tendenciosa. Para se ter uma idéia da confusão, o jornal O Globo é da família Marinho que também é dona da emissora que a Rede Record do bispo Macedo tenta alcançar. Assim, qualquer matéria veiculada por esses veículos terá sua credibilidade questionada.


Michel Carvalho

Jornalista e Educador

sábado, 9 de fevereiro de 2008

MassificaçãoXContextualização


A cobertura das prévias norte-americanas pela imprensa brasileira é exagerada e descontextualizada. Em casa, o telespectador deve se perguntar: Por que é tão importante saber sobre a escolha dos partidos Republicano e Democrata para a sucessão presidencial nos EUA? O Jornal Nacional, por exemplo, chega a dedicar até um bloco inteiro sobre o assunto, destacando a agenda diária de cada um dos postulantes à Casa Branca.
É natural que as eleições na maior potência econômica do mundo tenham um grande espaço em nossa mídia, mas o importante realmente é contextualizar o assunto, procurando responder à questões, como qual seria o melhor candidato para o Brasil e o Mundo? Assim, uma cobertura como essa não pode prescindir da opinião de especialistas em política internacional que analisem o processo eleitoral norte-americano sob a ótica brasileira.
Apostar numa cobertura massificada, como a mídia brasileira vem fazendo, só faz com que o público ignore o assunto, mudando de canal ou virando as páginas do jornal.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Perseguição?

A ex-ministra da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Matilde Ribeiro, pediu demissão no último dia 1º. Sua saída do governo foi motivada pela suspeita de uso irregular do cartão corporativo. O proceso de "fritura" de Matilde pela mídia durou cerca de uma semana. Durante esse período, a imprensa se posicionou de maneira unilateral, acusando-a de fazer pagamentos referentes a gastos pessoais. Além disso, a SEPPIR foi descrita pelo jornal Folha de S. Paulo como apenas um "orgão simbólico da Presidência, com baixo orçamento e pequena autonomia". Outros jornalistas questionaram a criação da pasta, sugerindo até a sua extinção.

Bom, diante disso, algumas questões ficam claras. Matilde foi mal assessorada no que se refere ao uso do cartão corporativo. Como gestora pública, ela não poderia ter cometido um erro tão primário (R$ 471,00 gastos num free-shop). No entanto, fica nítido também que a mídia não procurou explicar as características do cartão corporativo, afinal, o seu uso é necessário para despesas eventuais que dispensem licitações. No caso da ex-ministra, ficou parecendo que ela usou o dinheiro para fazer turismo simplesmente.

Outro ponto ignorado pela mídia é a importância da SEPPIR para a comunidade negra. A pasta, por exemplo, garantiu terra, saúde e educação para milhares de descendentes de escravos de áreas quilombolas. Além disso, a secretaria trabalha no desenvolvimento de ações afirmativas, como o Estatuto da Igualdade Racial. É verdade que muitas outras ações poderiam ter sido efetivadas, mas com um orçamento tão apertado fica complicado.

Acusar a mídia de racismo é ser simplista, afinal, alguns abusos foram cometidos. Porém, a abordagem do caso Matilde teve um viés de "caça às bruxas".