sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O desafio do cinema tupiniquim

Os Desafinados, de Walter Lima Jr., estreou no último dia 29
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O perfil do freqüentador brasileiro de cinema foi traçado em pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro ao instituto Datafolha, que ouviu 2.120 pessoas em dez cidades brasileiras no fim do ano passado.

Em abril deste ano, a pesquisa foi aprofundada com um grupo de consumidores, na chamada fase qualitativa.

A pesquisa identificou o que desagrada os espectadores que afirmaram não gostar da produção nacional. O tema dos filmes foi a resposta de 80% dos freqüentadores de cinema.

A segunda resposta mais freqüente (32%) aponta que "os filmes são pornográficos, com baixarias, palavrões, vocabulário vulgar"; 20% acham que "os temas/roteiros não têm conteúdo, começo, meio e fim".

Esse estudo mostra que o cinema nacional ainda precisa superar alguns estereótipos, remanescentes da pornochanchada. Parece que a produção brasileira é monotemática, predominando temas como a criminalidade e a pobreza. Mas, na realidade, essa impressão se deve à cobertura da mídia que prioriza longas com essas histórias.

É inegável que o cinema brasileiro evoluiu muito nos últimos tempos, a maior prova disso é o reconhecimento internacional como recentemente aconteceu nos festivais de Cannes e Berlim. No entanto, isso não garante "casa cheia", nem salas de exibição. O público se acostumou com o padrão hollywoodiano e tem dificuldades de aceitar o experimentalismo e a criatividade de nossas produções.

Num ano de queda, o único filme brasileiro que passou da marca de um milhão de espectadores, foi Meu Nome não é Johnny que estreou nas férias de janeiro e teve uma ampla divulgação da Globo Filmes. Alguns lançamentos previstos ainda para 2008, como Os Desafinados, Linha de Passe, Romance e Última Parada 174, têm potencial para alcançar uma boa bilheteria. Entretanto, se não conseguirem, que, pelo menos, ajudem a mudar esse consenso do público em relação às produções nacionais, afinal, a era da pornochanchada já passou há muito tempo.

sábado, 23 de agosto de 2008

Candidatos pasteurizados

O festival de promessas está de volta. Na última terça-feira, começou o horário eleitoral gratuito na TV e no rádio. De dois em dois anos, a história se repete: planos mirabolantes, discursos demagógicos, "musiquinhas" pegajosas, números superestimados, visuais recauchutados, tudo em nome de uma eficaz estratégia de marketing político para convencer o público.

Muitos marqueteiros acreditam que o resultado de uma eleição pode ser decidido pelo horário eleitoral. Mas basta assisti-lo por alguns minutos para observar que os candidatos estão cada vez mais parecidos, dificultando qualquer tipo de distinção entre eles. O modelo consagrado do "eu prometo" predomina descaradamente em todos os partidos. Não importa a viabilidade ou o custo do projeto, o que interessa é criar uma marca registrada no imaginário do eleitor.

Para coibir o estelionato eleitoral, seria interessante que todos os postulantes aos cargos de prefeitos e vereadores assinassem um documento em que se comprometeriam em cumprir as propostas defendidas na TV e no rádio. No entanto, enquanto esse termo não é assumido, os eleitores terão que garimpar bastante na busca de um candidato ideal.

O horário político pode até ajudar alguns candidatos, mas o formato que possui hoje, só causa aversão no eleitor, amplificando a idéia de que todos são iguais e que a política brasileira valoriza a embalagem em detrimento do conteúdo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Um país conectado

Especialistas estimam que, na virada do ano, metade da população brasileira, ou mais de 90 milhões de indivíduos, terá, de alguma maneira, acesso à internet, seja em casa, no trabalho, no celular, seja em locais públicos. Quando se pensa apenas em usuários domésticos, os números são mais modestos. Pesquisa do Ibope Monitor, que leva em conta apenas as residências, mediu 22,9 milhões de usuários.

O Brasil, segundo a ONG norte-americana Internet World Stats, mantém um dos ritmos mais fortes em todo o mundo de crescimento do acesso. Entre 2000 e junho de 2008, o número de novos conectados cresceu 900%.

Uma pesquisa recente do Datafolha contabilizou que 47% dos brasileiros já têm acesso à internet. Há outros dados surpreendentes:

- Somos o país no qual os usuários passam mais tempo conectados por mês. São mais de 22 horas mensais, ante 20 horas da França e 17,5 na Alemanha.

- Brasileiros alavancam febres na internet, como a do Orkut e a do Second Life. Estima-se que 27 milhões de nativos naveguem pelo Orkut, o mais popular site de relacionamentos da rede.

- O Brasil chegou aos 50 milhões de computadores no ambiente doméstico e corporativo, segundo a Fundação Getulio Vargas.

- No último dia 5 de agosto, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgou a previsão de venda de computadores em 2008: 13 milhões de unidades. Com os atuais 50 milhões de máquinas, o País tem uma média de 26 computadores para 100 habitantes, valor superior à média global, de 21 equipamentos para cada centena.


Informações: Revista Carta Capital

Para Refletir: Será que esse avanço digital resultará em mudanças significativas na difusão do conhecimento e na participação de novos atores sociais? Não é contraditório um país com milhões de analfabetos funcionais, que mal sabem sacar dinheiro no caixa eletrônico, ter um índice tão grande de conectividade?

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Manifesto pela Conferência Nacional de Comunicação

A Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação está empenhada, juntamente com diversas entidades, na coleta de assinaturas em defesa da convocação, pelo Governo Federal, da I Conferência Nacional de Comunicação. O abaixo assinado tem o intuito de pressionar o governo para que seja conclamada a conferência, levando em consideração que mais de 50 conferências setoriais já aconteceram.

Esse espaço é de suma importância para que a sociedade discuta e delibere no que diz respeito às políticas públicas e o novo marco regulatório do setor das comunicações no Brasil.

O Movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação surgiu oficialmente em junho de 2007, no final do Encontro nacional de Comunicação. Hoje é composto por cerca de 30 entidades da sociedade civil de caráter nacional, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDMH) e pelo Ministério Público Federal.

Sua participação e empenho podem contribuir para o avanço na conquista pela democratização dos meios de comunicação.

Leia a nota oficial do Movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação, lançada em 19/03/08, acessando o link http://www.proconferencia.com.br/nossaproposta.htm.

Para assinar, basta seguir os seguintes passos:

1) Acesse o síte http://www.petitiononline.com/pcom2009/
2) Clique no botão: "Click here to Sign Petition"
3) Preencha seus dados
4) Clique no botão: "Preview your signature"

Pronto. Você ajudou na consolidação da democracia brasileira.

Ajude a divulgar o abaixo assinado! Envie para todos da sua lista!

Fonte: Movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Órfãos de heróis


Nos Jogos Olímpicos, a linha que separa a glória da decepção é tênue. A demasiada expectativa gerada em torno de um atleta pode resultar num grande sentimento de frustração geral. No caso da delegação brasileira, a pressão em busca de um herói nacional faz a mídia supervalorizar alguns nomes, como os de Diego Hypólito e Jade Barbosa.

O país está longe de ser uma potência olímpica. Para se ter uma idéia, as marcas alcançadas pelos brasileiros no Pan do Rio são irrelevantes no cenário mundial. Em algumas modalidades, a conquista da vaga já pode ser considerado um grande feito. Sem glamour e nem incentivo, muitos atletas do Brasil chegam aos Jogos apenas para cumprir tabela.

Uma geração de atletas só é formada quando o esporte é atrelado à educação, da pré-escola à universidade. Enquanto essa transformação não acontece, nenhum resultado pode ser exigido, ao contrário, toda participação brasileira em Pequim deve ser comemorada como uma medalha de ouro.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um retrato bem brasileiro?

A novela A Favorita, de João Emanuel Carneiro, reacende a discussão sobre a questão racial na mídia. O ator Milton Gonçalves vive o corrupto deputado Romildo Rosa. O personagem é a síntese do político brasileiro. Já Taís Araújo interpreta a mimada e fútil Alicia, filha do parlamentar. O núcleo ainda é formado pelo alcoólatra Didu, vivido por Fabrício Boliveira. É evidente que existem negros com essas características na sociedade, mas porque o novelista optou justamente por uma família negra para tal retrato?

Clique aqui para ler na íntegra