quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Melhores estrangeiros de 2010


Nada contra os hollywoodianos, mas eis a minha lista dos melhores longas "gringos" do ano:


1. O Profeta: Premiado no Festival de Cannes, este filme francês retrata de maneira vigorosa a ascensão do jovem Malik dentro do presídio, de um garoto assustado para um grande mafioso. Cenas fortes e um ótimo trabalho de direção e elenco. 
2. Mother: Este filme coreano me surpreendeu totalmente. A saga da mãe que pretende prova a inocência do filho de qualquer jeito prende o espectador. Um suspense cheio de reviravoltas.
3. O Segredo dos Seus Olhos: O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro mostra que os argentinos estão no caminho certo. Apesar de longo, você não vê as horas passarem. Uma história policial como há muito tempo não via.
4. A Rede Social: O diretor David Fincher é conhecido por surpreender. E ele novamente consegue com uma história atual, diálogos inteligentes e um ritmo empolgante.
5. Guerra ao Terror: Venceu seis Oscars este ano, incluindo melhor direção e filme. Realmente, é de tirar o fôlego. Apesar do tema recorrente no cinema, trouxe um olhar novo sobre os bastidores da guerra.
6. Preciosa: Talvez o filme com as melhores atuações. Mo'nique venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante dando vida a uma mãe odiosa. A história de Preciosa emociona e choca ao mesmo tempo.
7. Ajami: Este filme israelense mostra os conflitos de uma região em que muçulmanos, judeus e cristãos precisam conviver juntos. Dividido em capítulos, trata-se de um thriller com  final surpreendente
8. Tudo pode dar certo: O bom e velho Woody Allen de sempre. Mas neste filme um pouco mais sarcástico. O protagonista seria um alterego do diretor. Para mim, a melhor comédia do ano.
9. O pequeno Nicolau: Essa comédia infantil francesa me impressionou por contar com uma mulecada afinada e divertida. Uma história ingênua, mas não tola, como são alguns filmes voltados para as crianças. Recomendado para toda família.
10. Minhas Mães e Meu Pai: As atrizes Annette Bening e Juliane Moore estão ótimas como um casal de lésbicas que tem dois filhos, frutos de inseminação artificial. Uma trama moderna que rende boas risadas.

Obs.: Sei que deixei de assistir alguns filmes que poderiam estar na lista, como A Origem, ou ter sido menos "lado B" na seleção, mas a vida é feita de escolhas, não é?


 Feliz 2011!!! Saúde, paz e sucesso para todos!!!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Os melhores nacionais de 2010


O cinema nacional viveu em 2010 um dos seus melhores anos, tanto em termos de público quanto em número de títulos lançados. Tropa de Elite 2, de José Padilha, bateu o recorde de Dona Flor e seus Dois Maridos e passou dos 11 milhões de espectadores, consagrando-se como o filme nacional mais assistido da história. O ano também foi marcado por filmes de temática espírita, Chico Xavier (Daniel Filho) e Nosso Lar (Wagner de Assis) levaram juntos mais de 7 milhões aos cinemas.


O título mais polêmico lançado em 2010 foi Lula – O Filho do Brasil (Fábio Barreto), que sofreu um bombardeio tanto da crítica especializada quanto de políticos da oposição. No final, a história do presidente mais popular da história brasileira não atingiu nem a marca de 1 milhão de espectadores, mas, contrariando as expectativas, conseguiu a vaga na disputa pela indicação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Mas, particularmente, o que me impressionou em 2010 foi a lista de ótimos títulos lançados, ao contrário de 2009, em que predominou filmes de qualidade mediana. O ano marca a estreia de grandes promessas, como o ousado Esmir Filho, e coloca outros nomes no rol dos grandes diretores do cinema nacional, como Laís Bodanzky.

A relação dos melhores filmes nacionais de 2010 que elaborei não deve agradar a todos, até acredito que a maioria desaprove. Porém, listas desse tipo servem para serem contrariadas, então, vamos lá:

  1. As melhores coisas do mundo: Uma boa história com um elenco afinado só poderia render um ótimo filme. Mas Laís soube ir além ao mostrar de forma sensível os conflitos da adolescência. Bem realizado, é um longa que agrada toda a família. A cena dos ovos na parede arranca lágrimas. 
  2. Os Famosos e os Duendes da Morte: Inovador, o filme de Esmir Filho é contemporâneo por utilizar imagens de vídeos da internet na telona. A história é  surpreendente e cheia de mistério. O filme transmite uma sensação de angústia. Saí da sessão completamente atordoado. 
  3. Viajo porque preciso volto porque te amo: Os diretores conseguiram contar uma história de amor sem mostrar seus protagonistas. Imagens de um Brasil bruto são o pano de fundo desse belo longa.
  4. Olhos Azuis: Belas atuações fazem desse filme um dos melhores do ano. O diretor conseguiu transmitir toda a humilhação que os latinos passam no setor de deportação nos EUA.
  5. Reflexões de um liquidificador: Estilo tarantino, esse longa é uma comédia de humor cáustico.  Merecia uma maior divulgação. Destaque para a atuação da atriz Ana Lúcia Torre, além da narração de Selton Mello que vive o liquidificador.
  6. Antes que o mundo acabe: Poderia ser mais uma história sobre adolescentes, mas o diferencial é a simplicidade como o tema é tratado e o belo roteiro. É o filme mais premiado pela crítica no ano.
  7. Os Inquilinos: O diretor Sergio Bianchi continua com sua crítica social, mas dessa vez, não com um filme-tese. Trata-se de uma história cheia de suspense e um retrato fiel do sentimento dos moradores das grandes cidades.
  8. Uma noite em 67: Melhor documentário do ano. Narra os bastidores daquele festival que mudaria a história da MPB. Filme para assistir e cantar junto.
  9. Tropa de Elite 2: Tecnicamente, é o melhor filme. Fotografia, elenco, edição, enfim, tudo perfeito. O que me incomodou foi o maniqueísmo do roteiro. Nada é sugerido ao espectador, Padilha aposta num filme didático e fatalista demais.
  10. 5X Favela agora por nós mesmos: São cinco histórias diferentes sobre o cotidiano das favelas, em que o maior diferencial é o olhar dos diretores, todos moradores das comunidades retratadas. É a favela sem clichês nem exageros.

Obs.: Bróder, de Jeferson De, poderia entrar na lista, pois é um belo filme, mas como só será lançado ano que vem, decidi excluí-lo da relação. 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O encanto da simplicidade


Um dos filmes nacionais mais premiados do ano, Antes que o mundo acabe, de Ana Luiza Azevedo, é uma combinação perfeita entre roteiro, direção e elenco. A história narra os conflitos de Daniel, um menino de 15 anos que se depara com situações que mudarão sua pacata vida numa pequena cidade gaúcha. Apesar de a adolescência ser um tema recorrente no cinema, o longa se diferencia por sua simplicidade. Simples, não no sentido de menos interessante, mas de comum, como é a realidade da vida da maioria das pessoas. 
 
Daniel (Pedro Tergolina) e Lucas (Eduardo Cardoso) são grandes amigos, mas a disputa pelo coração de Mim (Bianca Menti) causa grandes estragos a essa relação. Na verdade, como é normal nessa fase, eles não sabem exatamente o que sentem e querem de verdade. Em meio a tudo isso, Daniel começa a receber cartas e fotos de um pai que nunca conheceu. No começo, o garoto ignora, mas, aos poucos, ele vai descobrindo um mundo novo através dessas correspondências. Imagens de pessoas e lugares que parecem ter data para desaparecer do mapa. 
 
A história é narrada por Maria Clara (Caroline Guedes), irmã caçula de Daniel, que analisa tudo o que acontece a sua volta. Suas observações ingênuas, mas críticas, rendem bons momentos ao filme. Antes que o mundo acabe dialoga com toda família por tratar de questões que se você não passou como adolescente poderá passar como pai de um. As primeiras decisões, o ciúme, as amizades, a descoberta do inimaginável, todas essas experiências são retratadas de maneira natural, sem grandes rupturas.

Antes que o mundo acabe guarda algumas semelhanças com Os famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho, e As melhores coisas do mundo, de Lais Bodanzk. Ambos retratam o universo jovem e procuram fugir dos velhos clichês. Mas diferente dos outros dois, o filme de Ana Luiza não tem vocação para ser alternativo nem popular. Talvez por isso o resultado soe mais verdadeiro ou menos impressionante, dependendo de quem julgue. Os três longas confirmam que 2010 foi realmente o ano da geração teen no cinema brasileiro.

Sem dúvida, Antes que o mundo acabe é um sucesso de crítica. A saga de Daniel recebeu seis prêmios no II Festival de Paulínia, além de conquistar o de melhor longa juvenil no 15º Festival Internacional de Cinema para Crianças e Jovens na Alemanha. E nesta semana foi aclamado pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes), como melhor filme do ano. Esse reconhecimento mostra que boas histórias não precisam de grandes malabarismos, basta contá-las com sutileza e um toque de simplicidade.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O caso WikiLeaks: ONU condena perseguição

Bertil Ericson/14.08.2010/Reuters

Publicado em 10 dez. 2010 no Portal Imprensa

ONU classifica pressões contra WikiLeaks de "censura"

Depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar a prisão do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, a Organização das Nações Unidas (ONU) saiu em defesa do site. Na última quinta-feira (09), a alta comissária para direitos humanos da entidade, Navi Pillay, classificou as pressões contra a organização de Assange como tentativa de censura e podem ser interpretadas como uma violação ao direito à liberdade de expressão.

Assange foi preso na última terça-feira (07), em Londres (Inglaterra), após se entregar às autoridades britânicas. O fundador do WikiLeaks foi acusado na Suécia de cometer crimes sexuais, e teve sua ordem de captura emitida pela Justiça sueca e pela Interpol. Além disso, o banco suíço PostFinance fechou a conta aberta pela organização para recebimento de doações, e as empresas de cartão de crédito Mastercard, Visa e Paypal anunciaram que bloqueariam os pagamentos.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a comissária se disse preocupada com as tentativas de intimidação feitas ao site de Assange. "Se o WikiLeaks cometeu algum ato reconhecidamente ilegal, então isso deve ser abordado pelo sistema legal, não por pressão e intimidação a terceiros", afirmou. Para Navi, o caso expôs a necessidade de os países protegerem o direito ao compartilhamento de livre informações, como determina leis internacionais.

"Muito do que se publica poderia levantar uma questão fundamental para os direitos humanos: o equilíbrio entre a liberdade e informação e os interesses de segurança de um país. Esse é um equilíbrio difícil de encontrar, mas apenas tribunais e a lei podem dizer qual é esse equilíbrio", disse Navi, segundo informou O Estado de S. Paulo.

No final de novembro, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos revelando os bastidores da diplomacia dos EUA, entre despachos e registros. A Casa Branca condenou a publicação dos dados, dizendo que o site colocava em risco a vida de americanos e aliados do país.

Após o vazamento histórico, o governo norte-americano pressionou o maior servidor do país, a Amazon Web Services, para interromper o acesso ao WikiLeaks e evitar outra divulgação de informações comprometedoras. A França também enviou um comunicado aos servidores do país, declarando que as empresas francesas não podem hospedar páginas da web consideradas criminosas em outros países.

A alta comissária da ONU ressaltou o fato de que o caso WikiLeaks deve ser resolvido nos tribunais. "Se Assange ou qualquer pessoa cometeu algum crime reconhecido, é à Justiça que ele deve ser levado", disse. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Rede Social: a irresponsabilidade de um gênio



Ele não era bonito, forte, nem engraçado. Não fazia sucesso com as mulheres. Não fazia parte da equipe de remo da universidade, nem do clube de notáveis de Havard. Mas Mark Zuckerberg era um visionário, um gênio da informática que foi capaz de criar a rede social mais popular do mundo: o Facebook. A Rede Social (The Social Network) do diretor David Fincher narra os bastidores dessa história que envolve status, ambição, genialidade e traição. O longa é o retrato de uma geração conectada que constrói sua identidade a partir de um perfil construído na internet.

A história começa na noite em que Mark curte uma “fossa” após o rompimento com a namorada. Com a cabeça cheia de ideias e a ajuda do amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), o jovem cria um aplicativo que compara fotos dos estudantes de Havard. Em pouco tempo, o programa vira febre e desperta o interesse dos gêmeos Winklevoss, que fazem parte de um um grupo seleto de alunos veteranos. As conversas avançam, mas o que poderia significar uma parceria, transforma-se em um grande golpe.
 
Mark compreendeu que muitas pessoas tinham o desejo de interagir pelo computador, em casa, sem precisar ir à festas. Daí surge o The Facebook, um site em que os usuários criam seus perfis e fazem amigos segundo seus próprios critérios de interesse. Para bancar esse projeto, Eduardo decide injetar um grande capital, mas Mark ainda achava que faltava algo. Entra em cena, então, Sean Parker (Justin Timberlake), criador do Napster, que prometeria expandir de vez os negócios, o que acabaria comprometendo a amizade dos dois estudantes. 
 
Mark acaba sendo acusado de ter desenvolvido o Facebook a partir das ideias dos gêmeos Winklevoss. Além disso, o jovem tem que responder judicialmente por ter enganado Eduardo no momento em que a rede social começava a ser lucrativa. Ele ainda foi processado pela ex-namorada pelas ofensas que publicou em seu blog. Controvérsias à parte, a verdade é que Mark Zuckerberg é considerado hoje o jovem mais rico do mundo. 
 
O filme é baseado no livro Bilionários por acaso : A Criação do Facebook, de Bem Mezrich. O autor contou com depoimentos de alguns dos envolvidos no caso, menos de Mark. Em recente entrevista, o jovem diz que se divertiu com o longa, apesar de algumas imprecisões. Na realidade, ninguém sabe exatamente o que aconteceu nos bastidores desse fenômeno da internet. A única certeza é que Mark é um gênio de sua época. 
 
Mark é vivido pelo ator Jesse Eisenberg e sua interpretação é um dos pontos altos. Ele dá vida a um jovem inseguro, ressentido e capaz de tudo para conseguir seus objetivos. Apesar de diálogos longos, o filme tem uma narrativa ágil, alternando cenas da batalha judicial e dos fatos anteriores a ela. O longa ganhou os prêmios de melhor filme, diretor, ator e roteiro adaptado da Associação Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos 
 
Depois de sucessos como O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), Clube da Luta (1999) e Seven (1995), David Fincher acerta na mosca ao narrar uma história contemporânea que mostra bem a constante transformação que sofre as relações sociais.