terça-feira, 29 de julho de 2008

Por um jornalismo de qualidade

Na última sexta-feira (dia 25), foi publicada a portaria nº 342/08 do Ministério do Trabalho e Emprego que institui um grupo de estudos sobre a regulamentação da profissão de jornalistas no Brasil. Uma das pautas será a obrigatoriedade do diploma para a prática jornalística, além da criação de um conselho federal da categoria nos moldes da OAB e do CRM.

Em 2004, houve uma grande discussão em torno da criação do conselho. O governo na época recuou porque grandes "medalhões" do jornalismo brasileiro foram contra a proposta, acusando-a de censura. Na verdade, a grande imprensa não tem interesse na implantação de um órgão que irá apontar seus erros e cobrar ética.

A criação desse grupo de estudos sinaliza a necessidade de discutir a precariedade do jornalismo brasileiro. Atualmente, tem modelo, atriz e até participante de reality show fazendo reportagem, fora os ex-jogadores que se julgam cronistas esportivos. Profissionais de outras áreas, sem diploma de jornalista, deveriam, no máximo, trabalhar como colaboradores.

Como se trata de uma iniciativa do governo, esse grupo de estudos pode não resultar em nada. É possível também que os órgãos de imprensa se mobilizem contra novamente, abortando qualquer debate sobre a profissão de jornalista, que cada vez mais se encontra na berlinda.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Será o fim da liberdade na internet?

No último dia 9 de julho, o projeto que pune os crimes cibernéticos foi aprovado no Senado. A iniciativa do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) está gerando muitas controvérsias, principalmente no artigo 285-B, que criminaliza a ação de "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida". A pena prevista para esse delito é de reclusão de um a três anos, além de multa.

Contrários ao projeto, alguns professores universitários elaboraram uma petição virtual pelo veto a essa legislação que já ultrapassa as 60 mil assinaturas. A grande crítica é a falta de clareza da lei que classifica como crime muitas atividades cotidianas realizadas na internet, como o download de uma música, a publicação de uma foto ou a troca de um arquivo pela rede.

O uso da internet para a prática criminosa precisa ser realmente combatido. O ciberespaço não é uma "terra de ninguém", onde tudo é permitido. No entanto, nenhuma legislação, por mais necessária que seja, pode engessar a difusão do conhecimento, o trabalho de profissionais da Web e o lazer de milhões de internautas. Na verdade, o projeto do senador Eduardo Azeredo ainda precisa ser amplamente discutido pela sociedade antes de se tornar lei pra valer.

Para assinar a petição contra o projeto, acesse:

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A história de uma blogueira

SINOPSE

Nome Próprio conta a história de uma jovem mulher que dedica a vida à sua paixão, escrever. Camila (Leandra Leal) é intensa, complexa e corajosa. Para ela, o que interessa é construir uma trajetória como ato de afirmação. Sua vida é sua narrativa. Construir uma existência complexa o suficiente para se escrever sobre ela.

Nome próprio é um filme sobre a paixão de Camila. De sua busca por redenção. Quer a literatura como ato de revelação. Para tal, cria vínculos. Carente, os destrói. Por excesso. Por apego. Por paixão.

Nome Próprio é o olhar sobre uma personagem feminina que encara abismos e, disso, retira a força que necessita para existir. Para Camila, a vida floresce das cicatrizes de seu processo de entrega absoluta e vertiginosa.

Veja o trailer:
http://br.youtube.com/watch?v=AIReTYJuPSw

Mais informações do filme:
http://nomepropriofilme.blogspot.com/

Exibido no Espaço Unibanco (Shopping Miramar) com sessões às 19 e 21h30.

Depois eu conto as minhas impressões sobre este filme que promete, pena que estréia na mesma semana do Batman - Cavaleiro das Trevas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Quando restringir é mais fácil do que fiscalizar


A resolução Nº 22.718/08 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) restringiu a utilização da internet nas eleições deste ano. A propaganda eleitoral na mídia digital será permitida somente na página do candidato destinada exclusivamente à campanha. Com essa restrição do TSE, os postulantes não poderão usar comunidades virtuais, salas de bate-papo, blogs, links patrocinados, emails, Youtube ou Second Life para divulgarem seus nomes.

O TSE informa que avaliará cada situação especificamente, deixando claro que falta um marco regulatório para essa nova realidade. A legislação, por exemplo, não diz nada em relação ao uso da internet por terceiros na divulgação de seus candidatos. E as páginas de propaganda eleitoral que já existem no Orkut, serão retiradas do ar? O envio de torpedos pelo celular é outro recurso que não foi regulamentado.

Ao contrário de outros países, o Brasil limitou a internet na campanha eleitoral a fim de evitar o abuso do poder econômico. Em tese, o postulante com mais recursos teria a possibilidade de construir uma grande rede virtual a seu serviço. A resolução Nº 22.718/08 também criou dificuldades para os os candidatos "blogueiros" que não poderão explorar sua atividade junto aos eleitores.

Outra grande incoerência da legislação eleitoral é liberar a divulgação paga de propaganda política na imprensa escrita. Essa possibilidade favorece os candidatos mais ricos que podem pagar por um anúncio na capa de um jornal de grande circulação.

Na realidade, parece que o TSE ainda está confuso quanto à normatização da propaganda política na internet. As novas mídias trouxeram uma grande dor de cabeça para os juízes eleitorais acostumados a julgar abusos somente em jornais, rádios e emissoras de TV.