sábado, 28 de junho de 2008

Jornalismo Colaborativo: Outras vozes no cenário midiático

Nos últimos anos, os grandes portais vêm abrindo espaço para os internautas na produção de conteúdo. Com isso, não precisa ser jornalista para enviar fotos, textos e vídeos sobre diversos assuntos. Esse tipo de jornalismo colaborativo contribui para ampliar o olhar da mídia, geralmente pautada pelos mesmos assuntos.

No entanto, a iniciativa ainda é tímida, sendo pouco explorada pelos internautas. Observando alguns sites de conteúdo colaborativo, como VC no G1 (Globo), Minha Notícia (IG) e VC Repórter (Terra), é possível afirmar que o material enviado se refere sobretudo a flagrantes ou curiosidades. Uma das razões que inviabilizam a participação do público são as regras de uso que censuram algumas notícias.

Os sites de mídia alternativa são uma saída para os internautas que não se conformam com o veto dos portais. O Overmundo e o CMI permitem a publicação de qualquer conteúdo, independente de questões políticas ou comerciais. Outra exemplo de espaço democrático na internet são os blogs que apresentam uma multiplicidade de opiniões.

Mas o jornalismo colaborativo não é unanimidade. Alguns profissionais do ramo afirmam que falta qualidade ao conteúdo publicado pelo público. Porém, a participação de novos atores sociais na comunicação garante pluralidade de idéias, acabando de certa maneira com a supremacia de alguns poucos formadores de opinião. Então, vamos lá, mãos à obra!!!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O óbvio da cobertura esportiva

Os esportes e, especialmente o futebol, mexem com as emoções do povo brasileiro, ocupando um grande espaço nos meios de comunicação. São programas diários, hotsites, jornais especializados, transmissões de partidas, entre outras atrações do segmento. No entanto, esse grande número de profissionais envolvidos não significa qualidade. Pelo contrário, uma das marcas da cobertura esportiva é a padronização e a falta de criatividade.

Não adianta trocar de canal, parece que todos os repórteres seguem a mesma cartilha. Perguntas cretinas do tipo "o que você espera da partida?" ou "por que o time perdeu?" são feitas exaustivamente. Além dessas obviedades, alguns jornalistas se comportam como verdadeiros torcedores. A análise tática dá lugar a comentários passionais. A isenção é totalmente esquecida. Um exemplo disso foi a cobertura sobre a final da Copa do Brasil em que toda a imprensa paulista afirmava veementemente que o Corinthians seria campeão, não levando em conta toda a campanha do Sport na competição.

Recentemente, o locutor Luciano do Valle, da Band, questionou a capacidade de seus colegas de emissora. Ele criticou profissionais que comentam sobre futebol sem possuírem diploma de jornalismo. Essa crise de credibilidade, levanta uma questão: Será que os jornalistas esportivos são os mais despreparados da mídia? Uma pesquisa do site Comunique-se com pessoas do ramo aponta que não. Veja os números:

Os jornalistas podem até não considerarem a editoria de esportes um reduto de mal preparados, mas é inegável a mediocridade de muitos profissionais. A cobertura esportiva precisa fugir do lugar-comum, tentando captar além do lance. Se não, pérolas como "o que você achou da vitória?" serão ditas novamente e o público não merece.

domingo, 15 de junho de 2008

O DNA da imprensa brasileira

O livro "1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil", do jornalista Laurentino Gomes, traz um trecho revelador quanto às origens de nossa imprensa:

"Para fugir à censura, o Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro, era publicado em Londres. Seu fundador, o jornalista Hipólito José da Costa, nasceu no Rio Grande do Sul e deixou o Brasil quando tinha 16 anos (...)
(...) O mesmo Hipólito que defendia a liberdade de expressão e idéias acabaria, porém, inaugurando o sitema de relações promíscuas entre imprensa e governo no Brasil. Por um acordo secreto, D. João começou a subsidiar Hipólito na Inglaterra e a garantir a compra de um determinado número de exemplares do Correio Braziliense, com o objetivo de prevenir qualquer radicalização nas opiniões expressas no jornal. Segundo o historiador Barman, por esse acordo, negociado pelo embaixador português em Londres, D. Domingos de Sousa Coutinho, a partir de 1812, Hipólito passou a receber uma pensão anual em troca de críticas mais amenas ao governo de D. João, que era um leitor assíduo dos artigos e editoriais da publicação".

Fazendo uma analogia com a mídia atual, observamos que essa dependência do capital público continua até hoje. A publicidade oficial ainda sustenta muitos jornais e revistas pelo Brasil inteiro. No mínimo, essa relação "incestuosa" compromete a credibilidade desses veículos, criando um conflito de interesses.
Comemorando 200 anos, a imprensa brasileira precisa fazer uma auto-reflexão. Se em alguns momentos da história, ela foi fundamental na apuração da verdade, revelando fatos obscuros. Em outros, o jornalismo esteve a serviço de grupos políticos e empresariais.
Ao examinarmos o passado, chegamos a conclusão que muitos de nossos problemas só se agravaram, para alegria de quem está no poder.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Tabu ou bom senso?

Se existe um assunto que é garantia de polêmica na mídia, este é a homossexualidade. A revista semanal Época, da editora Globo, vetou a imagem de um beijo gay entre dois militares na capa de sua última edição. A publicação contou a história dos sargentos do Exército Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara de Figueiredo, que assumiram ser homossexuais, causando grande repercussão na sociedade brasileira, principalmente nas Forças Armadas. Mas para não criar uma "saia-justa" com os leitores, os editores da revista resolveram optar por uma foto mais discreta dos parceiros.
Essa mesma polêmica foi levantada recentemente na novela Duas Caras, da Rede Globo, em que os personagens Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Lugui Palhares) se beijariam depois de formalizarem sua união civil. Mas a emissora proibiu a cena de ir o ar, contrariando o autor do folhetim, Aguinaldo Silva, gay assumido.
Esses casos devem ser analisados com cuidado. Primeiro, seria preciptado acusar a Rede Globo de conservadorismo, afinal, todas as novelas das oito têm gays na história. No entanto, a emissora nunca correria o risco de exibir algo que pudesse afastar seus anunciantes, como a cena de um beijo entre pessoas do mesmo sexo no horário nobre. A ojeriza do público significa perda de receita para qualquer empresa de entretenimento.
Paralelamente, um outro aspecto que chama a atenção é a espetacularização do homossexualismo por alguns veículos. Um exemplo foi a cobertura sobre a Parada do Orgulho Gay, em que o caráter político do evento foi completamente esquecido pela mídia, que preferiu retratar apenas o lado festivo e caricato, dando destaque para as figuras mais escandalosas da Avenida Paulista.
Na realidade, a mídia trata os gays ora com deslumbramento, ora com moralismo. Numa nação de maioria católica, o beijo entre homossexuais numa novela ou estampando a capa de uma revista de circulação nacional ainda é um tabu. Por isso, os meios de comunicação de massa são instrumentos importantes na luta contra o preconceito e pelos direitos das minorias. No entanto, esse postura deve ser pautada pela isenção, sem militância nem hipocrisia.