terça-feira, 30 de junho de 2009

Jean Charles - uma tragédia para não ser esquecida

Não se faz cinema só com boa intenção. Jean Charles, longa de Henrique Goldman, revive a trágica morte do jovem eletricista, assassinado em 2005 pela polícia britânica no metrô de Londres. Mas o que poderia ser uma história comovente se transforma num filme irregular em que o diretor faz escolhas duvidosas, do ator principal ao gênero do filme.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

A revolução prometida pelo Twitter

Já faz algum tempo que venho me perguntando o que é Twitter? Não se fala em outra coisa. Parece que todos aderiram a essa nova tecnologia, de celebridades a políticos, de ativistas a empresas. Num primeiro momento, não vejo nada de tão revolucionário num microblog que permite enviar mensagens de até 140 caracteres, respondendo a pergunta: "O que está fazendo agora?".

O escritor Steve Johnson, um dos mais influentes pensadores do ciberespaço, comentou recentemente na revista Time que os internautas subverteram o objetivo inicial do Twitter. A ferramenta, que era utilizada basicamente por seguidores de bandas de música, é considerada hoje a mídia mais ágil e interativa do mundo.

O poder de mobilização do Twitter pode ser comprovado nos últimos dias. A busca por notícias ou pela confirmação da morte de Michael Jackson acabou congestionando o aplicativo. Dos tópicos (tags) mais usados na última quinta, seis faziam alusão ao astro da música internacional. Entre eles, “descanse em paz”, “pop” e “parada cardíaca”.

Outro exemplo do alcance do Twitter é o que está acontecendo no Irã. Em reação às denúncias de fraude eleitoral, os manifestantes contrários ao atual presidente Mahmoud Ahmadinejad estão organizando protestos utilizando a nova ferramenta. O governo iraniano tenta desarticular a oposição, controlando o acesso à web local. Dessa maneira, o Twitter se tornou uma grande arma para fugir da censura estatal.

Enquanto os meios tradicionais de comunicação, controlados pelo governo, pedem calma à população, manifestantes reclamam no Twitter do bloqueio de mensagens SMS pelas operadoras iranianas. Entre as mensagens encontradas estão informações como “o protesto das 17 horas está confirmado”.

Ainda não aderi ao Twitter, pode até ser questão de tempo, mas no momento, não vejo a necessidade de "twittar" por aí. Mas é inegável que o aplicativo veio para diminuir distâncias e dinamizar a comunicação. O grande problema da ferramenta é a infidelidade. Segundo pesquisas, 60% dos novos usuários desistem da ferramenta depois de um tempo. Talvez isso aconteça pela velocidade em que as novidades deixam de ser novidades nessa era digital.

domingo, 21 de junho de 2009

“Então é verdade, no Brasil é duro ser negro?”

A mais importante atriz de Moçambique diz ter sofrido discriminação racial em São Paulo

Eliane Brum – Revista Época

Fazia tempo que eu não sentia tanta vergonha. Terminava a entrevista com a bela Lucrécia Paco, a maior atriz moçambicana, no início da tarde desta sexta-feira, 19/6, quando fiz aquela pergunta clássica, que sempre parece obrigatória quando entrevistamos algum negro no Brasil ou fora dele. “Você já sofreu discriminação por ser negra?”. Eu imaginava que sim. Afinal, Lucrécia nasceu antes da independência de Moçambique e viaja com suas peças teatrais pelo mundo inteiro. Eu só não imaginava a resposta: “Sim. Ontem”.

Lucrécia falou com ênfase. E com dor. “Aqui?”, eu perguntei, num tom mais alto que o habitual. “Sim, no Shopping Paulista, quando estava na fila da casa de câmbio trocando meus últimos dólares”, contou. “Como assim?”, perguntei, sentindo meu rosto ficar vermelho.

Ela estava na fila da casa de câmbio, quando a mulher da frente, branca, loira, se virou para ela: “Ai, minha bolsa”, apertando a bolsa contra o corpo. Lucrécia levou um susto. Ela estava longe, pensando na timbila, um instrumento tradicional moçambicano, semelhante a um xilofone, que a acompanha na peça que estreará nesta sexta-feira e ainda não havia chegado a São Paulo. Imaginou que havia encostado, sem querer, na bolsa da mulher. “Desculpa, eu nem percebi”, disse.

A mulher tornou-se ainda mais agressiva. “Ah, agora diz que tocou sem querer?”, ironizou. “Pois eu vou chamar os seguranças, vou chamar a polícia de imigração.” Lucrécia conta que se sentiu muito humilhada, que parecia que a estavam despindo diante de todos. Mas reagiu. “Pois a senhora saiba que eu não sou imigrante. Nem quero ser. E saiba também que os brasileiros estão chegando aos milhares para trabalhar nas obras de Moçambique e nós os recebemos de braços abertos.”

A mulher continuou resmungando. Um segurança apareceu na porta. Lucrécia trocou seus dólares e foi embora. Mal, muito mal. Seus colegas moçambicanos, que a esperavam do lado de fora, disseram que era para esquecer. Nenhum deles sabia que no Brasil o racismo é crime inafiançável. Como poderiam?

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Depois desse fato lamentável, alguém ainda tem coragem de defender a tese da democracia racial no Brasil?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Misticismo e brasilidade

O que esperar de um artista como Matheus Nachtergaele na direção? Tudo, menos pasmaceira. Seu primeiro filme, A Festa da Menina Morta, define bem essa verdade. Dramático, complexo, o longa de estreia do ator e agora diretor revela um pedaço do Brasil isolado e místico em que o tempo parece que parou.


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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Jornalismo entra na era da banalização

Cai exigência do diploma de jornalismo (*)
Sérgio Matsuura e Izabela Vasconcelos

O diploma para o exercício da profissão de jornalista já não é mais uma obrigatoriedade no Brasil. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal considerou incompatível com a Constituição a exigência da graduação em jornalismo para o exercício da profissão, em votação do Recurso Extraordinário 511961, nesta quarta-feira (17/06).

Os ministros Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello votaram contra a exigência. Apenas Marco Aurélio Mello votou a favor da obrigatoriedade do diploma.

No início da sessão plenária, as teses se dividiram entre a posição defendida pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal (MPF), contra a obrigatoriedade do diploma, e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), com o apoio da Advocacia Geral da União, sustentando a exigência.

Gilmar Mendes, relator do recurso, defendeu a autorregulação da imprensa. “São os próprios meios de comunicação que devem definir os seus controles”, afirmou.

Mesmo sem a exigência de diploma, os cursos de jornalismo devem continuar existindo, argumentou Mendes. “É inegável que a frequência a um curso superior pode dar uma formação sólida para o exercício cotidiano do jornalismo. Isso afasta a hipótese de que os cursos de jornalismo serão desnecessários”, avaliou.

(*) Informações do site Comunique-se

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cinema jovem e despretensioso

Quando li rapidamente sobre Apenas o Fim, filme de estreia do diretor e roteirista Matheus Souza, logo pensei que se tratava de mais um longa cult, melancólico, cheio de subjetividades e reflexões, traços característicos dessa nova geração do cinema nacional. Mas para minha surpresa, o jovem cineasta nos brinda com uma história despretensiosa, romântica, divertida e com várias referências ao universo pop que fazia sucesso nos anos 90.

Apenas o Fim narra a despedida de um casal de estudantes de cinema. Tudo começa quando a garota (Erika Mader) resolve abandonar o namorado (Gregório Duvivier) e fugir para um lugar desconhecido. Antes de partir, ela decide encontrá-lo, mas eles têm apenas uma hora para discutir a relação, recordando momentos felizes e fazendo um balanço de tudo que viveram juntos.

A química entre os protagonistas garante o êxito do enredo. Erika vive uma garota confusa e muito entediada com o mundo. Já Gregório encarna o nerd apaixonado e desajeitado. Ao longo dessa uma hora de conversa, o público se diverte com as contradições, filosofias e preferências do casal. Aliás, essas são as melhores sacadas. Enquanto ela gosta dos filmes de Godard, ele prefere os Transformes. Ela é fã de Nintendo, ele curte Playstation.

As locações do filme se limitam ao campus da PUC do Rio de Janeiro e um quarto. Com uma câmera digital e um orçamento baixíssimo, Matheus Souza, de apenas 20 anos, surpreende com uma obra descontraída, tocante, que fala dos conflitos de sua própria geração.

Na sessão em que assisti o Apenas o Fim, o riso rolou solto. À medida que a despedida se aproximava, as pessoas ficavam com a sensação de "quero mais". Não sei se essa reação vai acontecer com públicos de outras idades. Porém, algumas referências feitas durante o longa são universais, como o He-Man e a vovó Mafalda.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A liberdade na web está com seus dias contados?

Um novo AI-5?

Leandro Fortes
Carta Capital

Aprovado no senado na madrugada de 9 de julho de 2008, o texto substitutivo ao projeto de lei sobre crimes digitais no Brasil transformou-se no alvo de uma guerra virtual entre os defensores de duas ideias essencialmente legítimas. De um lado, a liberdade de expressão. De outro, a necessidade de combater crimes cibernéticos.

O substitutivo do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) cria uma série de normas e procedimentos para combater os chamados cibercrimes, notadamente os roubos de senha de acesso a contas bancárias e à difusão de pornografia infantil na internet. O projeto ainda precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados.

Aparentemente, o texto está repleto de boas intenções. Segundo os críticos, daquelas que o inferno está abarrotado. As mudanças propostas pelo senador definem como crimes procedimentos de acesso à rede antes mesmo de o Brasil ter estabelecido um marco regulatório civil sobre o tema.

Apelidado de “AI-5 Digital” por grupos de ativistas da internet, o texto poderá transformar provedores de acesso em centros de espionagem e delação, além de favorecer interesses privados de bancos, fabricantes de softwares e indústrias que sofrem com as transformações precipitadas pela rede, entre elas as gravadoras.

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