quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uma associação perigosa

Programa de esporte concentra propaganda de cerveja, diz estudo (*)

Estudo da Unifesp conclui que 69% dos anúncios de álcool na TV são feitos em atrações esportivas

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisaram 420 horas da programação dos quatro canais de TV de maior audiência no Brasil e concluíram que a publicidade de bebidas alcoólicas está concentrada nos programas de esporte. Segundo os autores, esse tipo de programação é mais frequente nos períodos da manhã e da tarde e tem forte apelo entre o público menor de idade, que fica exposto à propaganda de bebida.

"Diversos estudos já mostraram que quanto maior a exposição à publicidade, maior o consumo de álcool", afirma a psiquiatra Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead) e coordenadora do estudo. Para Ilana, a autorregulamentação publicitária não é suficiente para evitar abusos e seriam necessárias restrições à propaganda de álcool tão rígidas quanto as existentes para o cigarro.

O presidente do Conar, Gilberto Leifert, discorda. "Podem restringir a publicidade ao máximo, mas o acesso à geladeira vai continuar franqueado", diz ele, afirmando que o problema é a falta de fiscalização da venda para menores de idade. "A sociedade tem direito à informação de produtos lícitos", defende. A entidade argumenta que sem publicidade livre não há imprensa livre e que a indústria da comunicação é a base da democracia.

A posição dos pesquisadores, no entanto, coincide com um documento aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na semana passada para reduzir o abuso no consumo de álcool - terceiro fator de risco para problemas de saúde e morte prematura no mundo. A OMS propõe que a publicidade não tenha como alvo os jovens, mesmo os que têm idade legal para beber.

Leiam na íntegra

(*) Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 26 mai. 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O desafio de emocionar sem estar presente


Antes de mais nada, é preciso falar que Viajo porque preciso, volto porque te amo pode parecer estranho, pois se trata de um documentário ficcional em que o protagonista está presente sem estar presente. Mas esse é o grande barato, será que um ator consegue mostrar sentimento sem aparecer na tela? Os diretores Marcelo Gomes e Karim Ainouz aceitam o desafio e mostram porque o cinema é a arte de captar emoções.
Viajo porque preciso, volto porque te amo conta a história do geólogo José Renato (Irandhir Santos), enviado para realizar um estudo no sertão nordestino onde atravessará uma terra seca e isolada. O objetivo da missão é avaliar os impactos da construção de um canal que será construído a partir do desvio das águas de um importante rio da região.
No decorrer da viagem, o público descobre que José Renato acabou de ser abandonado por sua companheira. Na verdade, a pesquisa também serve de fuga para o geólogo. Mas a dor da separação e a aridez da paisagem tornam a jornada um calvário sem fim. Resultados e prazos ficam comprometidos à medida que o desamparo e a saudade louca da ex-mulher tomam conta de Renato.
José Renato se depara com vários personagens interessantes durante a pesquisa. A prostituta que sonha com uma “vida lazer”. Pai e filho que fabricam colchões de chita, num processo bem rústico. O senhor que faz sandálias de couro enquanto cantarola canções de amor. O casal da bilheteria do circo. Enfim, são vários rostos e histórias, que fazem a viagem do geólogo rica, mesmo que desoladora.
Se para muitos, o canal será a solução para o sofrimento da seca, para aqueles que moram em áreas atingidas pela obra, ele significa fim. Muitos lugares por onde José Renato passa, serão submersas, sendo que muitas das famílias terão que ser desapropriadas e removidas do local. Tudo em nome do desenvolvimento ou daquilo que ele representa.
Viajo porque preciso, volto porque te amo transforma o diário de campo de um pesquisador em um desabafo apaixonado. O ator Irandhir Santos consegue “apenas” com a fala mostrar o que sente o personagem em cada momento da viagem. Ele gravou toda a sua narração sem ver as imagens, depois usando a gravação fez novas locuções. O resultado é belíssimo, mesmo causando estranhamento em muita gente.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A mágica da TV

Laurindo Lalo Leal Filho
Publicado na Carta Maior


A meu ver, quem melhor definiu a manipulação televisiva foi o sociólogo francês Pierre Bourdieu. Ele a comparou ao mágico que, no palco, chama atenção para uma de suas mãos agitando um lenço enquanto com a outra, disfarçadamente, tira as moedas (ou a pomba) da manga. A TV, para ele, faz a mesma coisa. Destaca o supérfluo para esconder o essencial. Isso é todo dia. Mas, no Brasil, quando tem seleção de futebol no meio chega as raias do insuportável.

Na última semana, a entrevista do técnico Dunga contando as razões que o levaram a chamar este ou aquele jogador para a seleção ocupou horas e horas das diversas programações. Sem falar nos comentários abalizados dos diversos especialistas. Não que num país como nosso a convocação do escrete não seja importante. Mas tudo deveria ter um certo limite. Afinal quanta coisa muito mais relevante para sociedade não poderia estar sendo mostrada naqueles horários, sem que o público deixasse de saber quais os craques que irão representar o Brasil na África do Sul. Dou um exemplo.

Manhã de quarta-feira, 12 de maio. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, milhares de trabalhadores rurais vindos de todos os cantos do país se reúnem para dar início à 16a. edição do Grito da Terra Brasil, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Em seguida fazem um protesto contra a bancada ruralista em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e encaminham uma pauta com mais de duzentas reivindicações ao presidente Lula. À tarde se concentram em frente ao Ministério do Trabalho e depois vão ao Congresso Nacional, onde encerram a manifestação.

Clique aqui para ler na íntegra

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Projeto ousado quer democratizar banda larga

Governo quer triplicar acesso à internet por banda larga até 2014

Agência Brasil

Até 2014, o governo pretende triplicar o acesso à internet por banda larga no país e quadruplicar o número de domicílios com o serviço disponível numa velocidade igual ou superior a 512 quilobits pos segundo (kbps). A ideia é saltar dos atuais 12 milhões de domicílios para 40 milhões, baixando o preço do serviço para apenas R$ 15, nos casos em que sejam adotados incentivos fiscais.

Nos casos em que os incentivos não sejam adotados, a expectativa do governo é de que o preço fique entre R$ 29 e R$ 35, valor que varia em função da cobrança ou não de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Com esse perfil, a expectativa é de que 35,2 milhões de domicílios tenham acesso à banda larga. Atualmente, o país tem apenas 12 milhões de domicílios com acesso, na velocidade máxima de 256kbps, a preços que variam de R$ 49 e R$ 96.

O anúncio foi feito hoje (5) por uma equipe do governo, durante o lançamento das diretrizes do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). De acordo com a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, o objetivo principal do plano é expandir o acesso para as classes C e D.

“O desenvolvimento do país só será efetivo com o acesso à banda larga sendo utilizado como ferramenta de inclusão social”.

A prioridade neste momento são 15 estados do Nordeste e Sudeste, mais a capital federal, regiões que já contam com anéis de fibra ótica. Outras 100 cidades serão escolhidas para receber os investimentos do plano, com prioridade para locais da administração pública que estejam relacionados à saúde, educação e segurança.

Conheça mais sobre o Plano Nacional de Banda Larga

Jornalismo político ou cor -de- rosa?

Publicado no jornal Folha de S. Paulo 5 maio 2010

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A cobertura da imprensa sobre as eleições deste ano promete. A matéria acima faz uma análise a respeito do visual da pré-candidata Dilma Rousseff (PT) e chega a conclusão que ela vem se equivocando nos modelitos escolhidos. Agora fico imaginando o quanto o lado fashion de um candidato é importante no que se refere à administração pública. Será que a Folha de S.Paulo também irá analisar o visual do Serra e da Marina?
Na falta de informações relevantes, o jornalismo político brasileiro recorre a banalidades que só interessam a quem encomendou a pauta.