sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Quando a simplicidade emociona


Um drama na acepção da palavra. Urbano, contemporâneo e desolador. Assim pode ser definido Linha de Passe, filme dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, que retrata o cotidiano de uma família da periferia de São Paulo. Cleusa e seus quatro filhos tentam não perder a esperança na vida, mesmo diante de todas as dificuldades. A paixão nacional pelo futebol serve de pano de fundo para a trama.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A farsa da imparcialidade nas eleições

Segue um trecho da coluna do jornalista Ricardo Kotscho
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(...) Não sei quem teve a idéia numa reunião com Octavio Frias de Oliveira, mas o dono do jornal a aprovou no ato: cada repórter deveria escrever um artigo para a edição dominical da semana anterior à eleição, informando em quem iria votar e por quais motivos.

Os principais jornais norte-americanos já adotavam esta prática havia muito tempo, declarando apoio explícito a um ou outro candidato, mas aqui no Brasil foi um espanto. Apesar da minha declaração de voto, Lula ficaria em terceiro ou quarto lugar(*). Jornalistas não são tão influentes, como muitas vezes pensam os chamados formadores de opinião, mas também têm o direito de revelar suas preferências a exemplo de qualquer cidadão.

A duas semanas das eleições municipais de 2008, os repórteres já não sofrem tantas pressões e cobranças como no tempo dos “luas pretas”(**). A democracia faz parte da nossa rotina e não há motivos para fazer de conta que somos apartidários, imparciais, neutros, meros observadores da campanha que entra em sua reta final. (...)
(*) eleições para governador de 82 (**) marqueteiros
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A isenção jornalística é um princípio bastante proclamado pelos órgãos de imprensa, porém, impossível de ser alcançado. Para o público, é melhor conhecer o voto de um jornalista de maneira transparente do que ver matérias aparentamente informativas e imparciais, mas que nas entrelinhas estão direcionadas para favorecer ou prejudicar determinado candidato.
O processo democrático brasileiro precisa avançar nesse sentido. O jornalista, com seu posicionamento político devidamente manifestado, só não pode ser panfletário no veículo em que trabalha. Fica aí o exemplo do bom e velho Kotscho, petista que vota no PSDB.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A mídia nos tempos da sustentabilidade

Nos últimos anos, a agenda ambiental vem ganhando espaço na pauta da mídia. Mas questões como desenvolvimento sustentável, consumo consciente, aquecimento global, desmatamento, entre outras, estão sendo devidamente abordadas? O que se observa é que o tratamento da imprensa sobre esses assuntos oscila entre o alarmismo, a superficialidade e a falta de contextualização.
Um exemplo disso ocorre geralmente quando os números do desmatamento na Amazônia são divulgados, o espectador em casa não sabe dimensionar o impacto dos índices apresentados. Além disso, é preciso informar que nem todo corte de madeira é simplesmente devastação. Para evitar controvérsias, a mídia deve confrontar os dados oficiais com os das entidades não governamentais.
Aliás, o debate na mídia em relação às questões ambientais é dominado pela visão dos técnicos e dos políticos. É preciso ampliar a discussão, escutando ativistas, comunidades locais, trabalhadores rurais, fazendeiros, índios, enfim, todas as partes interessadas.
Alguns fatos recentes, como a polêmica da transposição do Rio São Francisco e a batalha judicial da reserva Raposa/Serra do Sol, mostram que a imprensa faz questão de ressaltar o lado sensacionalista da situação. Do ponto de vista jornalístico, é natural retratar a greve de fome do bispo, mas a ênfase deveria ser na análise do projeto.
Os meios de comunicação podem contribuir efetivamente com a causa sustentável, basta abrir espaço para a educação ambiental em seus veículos, mobilizando dessa forma os cidadãos para a coleta seletiva do lixo, a manutenção de áreas verdes, a busca de formas alternativas de energia, o uso racional dos recursos não-renováveis, entre outras ações positivas com o planeta.
O meio ambiente deve ser pauta obrigatória na mídia e não apenas lembrado em datas especiais, como no "singelo" dia da árvore.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A cegueira nossa de cada dia

Acabei de ler Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e o sentimento é que de fato somos cegos que vêem. Vemos, mas não enxergamos o mundo e as pessoas como são realmente. A cegueira metafórica do livro nos angustia por mostrar o ser humano no seu estado natural, ou melhor, selvagem, sem regras de civilidade. O caos faz o homem ser tão animal como qualquer outra espécie. Essa realidade não está tão longe dos centros urbanos, onde uma simples discussão de trânsito pode acabar em morte.

Toda essa reflexão só aumenta a ansiedade em torno do filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles. Adaptar Ensaio sobre a Cegueira para o cinema é uma grande responsabilidade. O longa estréia na sexta (dia 12) cercado de muitas expectativas. A maior delas é se a sensação de nó na garganta do livro será reproduzida nas telonas.